Patrimoniar #03. Alberto Luiz dos Santos e Rodrigo Accioli Almeida: futebol e patrimônio cultural

Patrimoniar #03. Alberto Luiz dos Santos e Rodrigo Accioli Almeida: futebol e patrimônio cultural

Mais do que uma modalidade esportiva, o futebol se constitui no Brasil de uma prática cultural popular que mobiliza afetos, memórias, identidades e lugares. Dos grandes estádios aos campos de várzea, das peladas nas ruas aos espetáculos comerciais, ao redor do futebol orbitam diversas formas de rituais, performances e disputas — as quais se espalham pelo espaço urbano transcendendo em muito os espaços estritamente dedicados à prática esportiva.

No contexto de mais uma Copa do Mundo, o CPC pauta o futebol como patrimônio cultural em uma conversa com os geógrafos e pesquisadores Alberto Luiz dos Santos e Rodrigo Accioly Almeida, autores de pesquisas recentemente defendidas na Universidade de São Paulo a respeito de distintas facetas dessa prática que tanto diz sobre a ação, identidade e memória de parcelas significativas da população brasileira.

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Conversa com pesquisadores. Bexiga: patrimônio e cidade

A região da cidade conhecida como Bexiga — ou Bixiga, a depender do interlocutor — é caracterizada pelo acúmulo simultâneo de muitas realidades: são vários os grupos sociais que ocupam o bairro, bem como são múltiplas as identidades e as manifestações culturais. Território associado à presença e à memória negra, italiana e nordestina na cidade (entre muitos outros grupos que habitam o lugar), o dia-a-dia do Bexiga é marcado por uma rica interação entre muitas práticas culturais e por um uso intenso das ruas. São também muitas as disputas em torno dos significados, narrativas e representações do bairro.

Reunindo uma parcela significativa dos bens culturais oficialmente reconhecidos na cidade de São Paulo — cerca de um terço dos imóveis tombados pelo município encontram-se no Bexiga —, celebramos em dezembro os vinte anos do tombamento do bairro pela resolução 22 de 2002 do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do Município de São Paulo.

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Patrimoniar #02. Gisele Brito: memória negra no Bexiga

Patrimoniar #02. Gisele Brito: memória negra no Bexiga

Intervenções e empreendimentos recentes na região do Bexiga, na área central de São Paulo, vêm levantando discussões a respeito da preservação do bairro e dos elementos ligados à memória dos grupos que tradicionalmente o ocupam. Bairro centenário, o Bexiga é usualmente associado à herança da imigração italiana. Contudo, trata-se de um bairro polifônico e caracterizado por inúmeras manifestações culturais e de memória. Uma delas, em particular, se destaca: trata-se da presença e da memória negra na região, onde havia pelo menos desde o século 19 um quilombo urbano. A implementação de uma nova linha de metrô na cidade, cortando o Bexiga, foi catalisadora de uma mobilização pelo reconhecimento e valorização da memória negra no Bexiga, bem como pela salvaguarda do direito à permanência da população negra e de baixa renda no bairro. Entre os vários efeitos dessas recentes intervenções urbanas assistimos, particularmente, à demolição do conjunto de edificações ligadas à Escola de Samba Vai-Vai, cuja história se confunde com a do Bexiga.

Neste programa conversamos sobre esse e outros assuntos ligados à pauta do direito à cidade antirracista com Gisele Brito, jornalista, ativista e mestre em Arquitetura e Urbanismo. Gisele atua no Instituto de Referência Negra Peregum e na articulação Saracura/Vai-Vai.

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Patrimoniar #01. João Demarchi: O Projeto Interação e a educação patrimonial

Patrimoniar #01. João Demarchi: O Projeto Interação e a educação patrimonial

Nos anos 1980 o governo federal promoveu um interessante projeto de articulação entre os mundos da educação e da cultura, em uma iniciativa que envolveu profissionais ligados à educação popular, à antropologia, à gestão cultural, entre outros: trata-se do Projeto Interação. Hoje, tal iniciativa é vista como uma ação pioneira de uma educação patrimonial entendida em uma perspectiva crítica, progressista e popular.  Tal é a sua importância que se transformou em referência para ações educativas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan). São muitos os mitos e dúvidas a respeito do Projeto Interação, dado que se trata de episódio pouco estudado. Para sanar algumas dessas dúvidas e problematizar o projeto, conversamos nessa primeira edição do Patrimoniar com João Demarchi, autor de  uma dissertação de mestrado em que estudou o projeto Interação.

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Observação: este primeiro programa foi gravado de nossas casas ainda em tempos de pandemia, motivo pelo qual há eventuais referências ao isolamento social e ao ano de 2020.

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