O bairro paulistano conhecido como “Bexiga”, localizado no distrito da Bela Vista, no Centro de São Paulo, é tradicionalmente apontado como palco de múltiplas manifestações culturais e lugar de vida de pessoas das mais variadas origens. Território usualmente tido como boêmio e associado ao samba, ao teatro, à gastronomia e à presença de povos de muitas origens (italianos, negros, nordestinos, entre outros), o Bexiga pode passar, à primeira vista, a impressão de se constituir de um território cosmopolita desprovido de conflitos, contradições e violências, ainda que reconhecido como heterogêneo e multifacetado.
Em cidades como São Paulo são muitos os casos de espaços que passaram por transformações expressivas ao longo do processo de desenvolvimento urbano. Antigas praças e largos desaparecem, edifícios são demolidos e substituídos por outros e marcos da paisagem se transformam em referências perdidas na memória quem ali viveu. Muitos desses casos de demolição e reconstrução de espaços e lugares estão associados a processos de apagamento e silenciamento das referências culturais e urbanas de grupos sociais minoritários ou tidos como indesejáveis. Apesar destes apagamentos, certos sinais permanecem silenciosos no tecido urbano.
Nesta edição do Patrimoniar conversamos com Abílio Ferreira — jornalista, escritor, pesquisador e ativista do movimento negro — a respeito desses processos de silenciamento, dos sinais que permanecem e de como é possível lidar com o espaço urbano na perspectiva de um jogo em busca destes sinais — um jogo que articula resistência e apropriação da cidade. Conversamos especialmente sobre acontecimentos recentes ligados à memória e ao patrimônio cultural no bairro da Liberdade e sobre o caso da Capela dos Aflitos, localizada nesta região.
Inscrições abertas para a nova jornada de visitas!
Venha conhecer um pouco do patrimônio cultural da Universidade por meio de três itinerários de visita que passam por edifícios e conjuntos arquitetônicos de importância cultural e histórica. Os roteiros são percorridos a pé, com acompanhamento dos nossos monitores.
Roteiro Campus Butantã: percurso pela Cidade Universitária “Armando Salles de Oliveira” explorando o cotidiano da USP.
Roteiro Centro da cidade de São Paulo: na região central da Capital estão os prédios de unidades que deram origem à USP, em 1934.
Roteiros Campus São Carlos: vamos compreender o patrimônio universitário para além do campus, alcançando a própria cidade.
DATAS
∎ 18/outubro Roteiro Campus USP São Carlos
∎ 25/outubro ∎ 13/dezembro Roteiro Centro de São Paulo
Esta semana, o Centro de Preservação Cultural da USP/Casa de Dona Yayá está de portas abertas de segunda a domingo, inclusive no sábado (único dia em que a Casa não abre costumeiramente). O Motivo é a Oficina de Escrita Criativa, cujo fio condutor é o premiado título de Bell Hooks, “Erguer a voz” ( Editora Elefante, 2019).
No encontro, a escritora Sabina Anzuategui propõe uma discussão sobre o livro seguida de um exercício de escrita criativa e troca de impressões.
A escritora Bell Hooks é uma das mais importantes intelectuais feministas da atualidade. Nasceu em 1952 em Hopkinsville, então uma pequena cidade segregada do Kentucky, no sul dos Estados Unidos. Batizada como Gloria Jean Watkins, adotou o pseudônimo pelo qual ficou conhecida em homenagem à bisavó, Bell Blair Hooks, “uma mulher de língua afiada, que falava o que vinha à cabeça, que não tinha medo de erguer a voz”. Como estudante, passou pelas universidades de Stanford, Wisconsin e Califórnia, e lecionou nas universidades de Yale, Sul da Califórnia e New School, em Nova York. Em 2014, fundou o Bell Hooks Institute. É autora de mais de trinta livros sobre questões de raça, gênero e classe, educação, crítica de mídia e cultura contemporânea.
Embora o bairro do Bexiga seja tradicionalmente apontado como uma região multicultural e plural, a associação entre a região e sua memória italiana costuma se destacar em relação às suas demais representações. Embora trate-se de fato de um importante território da imigração italiana em São Paulo, o Bexiga está longe de se caracterizar apenas como um “bairro italiano”: foi nesta região, lembremos, que se desenvolveu um importante quilombo urbano em São Paulo, tornando-a também importante território negro da cidade.
Outros grupos, contudo, também ocupam o bairro, desenvolvem nele suas manifestações culturais e lhe dão vida — ainda que suas presenças sejam alvo de processos de apagamento ou marginalização por parte das demais representações do bairro. Nesta edição do Patrimoninar nós conversamos com Fernanda Vargas a respeito do Bexiga nordestino. Fernanda é cineasta e gestora cultural e é autora de dissertação de mestrado sobre a presença nordestina no Bexiga e co-diretora, junto de Daniel Fagundes, do documentário Oxente, Bixiga!, a respeito do mesmo tema.
DOMINGO NA YAYÁ 01/10 domingo, 10h às 13h Exposição Yayá: cotidiano, feminismo, doença, riqueza Conheça a Casa de Dona Yayá, lugar de memória e patrimônio cultural de São Paulo, e a história de vida de Sebastiana de Mello Freire, antiga moradora.
CURSO DE DIFUSÃO
A memória dos esquecidos: os Excluídos da História 2/10 a 06/11 (EXCETO 30/10) segundas-feiras, 17h às 19h Nesse ciclo de encontros, Maíra Rosin tece estratégias de compreensão sobre as relações entre memória, História e esquecimento de alguns grupos e pessoas que foram silenciados, bem como o papel das relações de poder com a memória material e imaterial. Inscrições encerradas
OFICINAS DE ESCRITA CRIATIVA: ENCONTRAR SUA VEZ 07/10 sábado, 10h às 12h Livro: Erguer a voz, Bell Hooks (Elefante, 2019) Mediadora: Sabina Anzuategui. Inscrições: casarocha259@gmail.com Parceria CPC-USP/Casa Rocha 259/Livraria Simples
DOMINGO NA YAYÁ 8/10 domingo, 11h às 12h Concerto de câmara LAMUC-ECA Com os instrumentistas do Laboratório de Música de Câmara da ECA-USP. Coordenação: Alexandre Fontainha Ficarelli
DOMINGO NA YAYÁ 15/10 domingo, 11h às 12h Movimento e saúde mental: hatha yoga Aula aberta de práticas corporais, respiratórias e meditativas para o bem-estar físico e mental. Para iniciantes e praticantes de todas as idades. Instrutora: Bruna Gabriela Elias
ROTEIROS DO PATRIMÔNIO DA USP 18/10 quarta-feira, 14h às 17h30 Itinerário Campus São Carlos Roteiro de visita pela USP São Carlos, compreendendo o patrimônio universitário para além do campus, alcançando a própria cidade. Inscrições antecipadas no site do CPC USP ou QRCode
DOMINGO NA YAYÁ 22/10 domingo, 11h às 12h Recital de canto e piano Com Antonieta Bastos (solo) e Sérgio Carvalho (piano), da equipe artística do CoralUSP
ROTEIROS DO PATRIMÔNIO DA USP 25/10 quarta-feira, 09h às 12h30 Itinerário Centro de São Paulo Roteiro de visita por locais representativos do centro da Cidade de São Paulo. Inscrições antecipadas no site do CPC USP ou QRCode
DOMINGO NA YAYÁ 29/10 domingo, 10h às 13h Oficina infantil: Brinquedos e brincadeiras Crianças de todas as idades vão se divertir com brincadeiras de antigamente, como bolhas de sabão, cama de gato, bambolê, desenho e pintura com nossos educadores e monitores.
Inscrições abertas para o próximo curso de difusão do CPC USP, “A memória dos esquecidos: os Excluídos da História”, que ocorrerá de 2/10 a 6/11, às segundas-feiras, na Casa de Dona Yayá, sede do @cpcusp
As aulas têm como objetivo compreender as relações entre memória, História e esquecimento de alguns grupos de pessoas que foram silenciados, bem como assimilar o papel das relações de poder com a memória material e imaterial; pensar sobre os diversos tipos de apagamento da memória e as formas de resistência e preservação dos espaços e da vida de determinados indivíduos; relacionar os campos da arquitetura, do urbanismo e do patrimônio em suas mais diversas formas, em uma perspectiva conjunta desses distintos saberes e sua necessária articulação com outras disciplinas; refletir sobre a dimensão urbana do patrimônio, considerando a cidade como bem cultural; estimular o questionamento sobre o papel da sociedade na preservação da memória.
Público-alvo: historiadores, arquitetos e demais interessados no estudo da História das Cidades
OFICINA DE BORDADO Esta oficina parte da reflexão sobre essa arte manual na vida das mulheres para criar um espaço de convivência entre os participantes. Inscrições até 4/9: https://forms.gle/wbQEWo7eauVubwH4A
DOMINGO NA YAYÁ Movimento e saúde mental: hatha yoga Aula aberta de práticas corporais, respiratórias e meditativas para o bem-estar físico e mental. Para iniciantes e praticantes de todas as idades. Instrutora: Bruna Gabriela Elias.
10/9 domingo, 10h-13h
DOMINGO NA YAYÁExposição Yayá: cotidiano, feminismo, doença, riqueza Conheça a Casa de Dona Yayá, lugar de memória e patrimônio cultural de São Paulo e da história de vida de Sebastiana de Mello Freire.
12/9 terça-feira, 14h-17h
RODA DE CONVERSA Memória, bordado e a história de Dona Yayá Conhecer a história do bordado é conhecer a história das mulheres. Beatriz Barsoumian de Carvalho alinhava a história de Yayá, a relação entre saúde mental e as artes manuais, e, ainda, o bordado como uma forma de expressão e de sociabilização. Participação da educadora Carmen Ruiz (CPC-USP).
12/9 terça-feira, 18h-20h
CONVERSA COM PESQUISADORES Educação patrimonial na Casa Oscar Niemeyer Claudia Garcia, pesquisadora e professora da FAU-UnB, apresenta o projeto de educação patrimonial implementado na Casa Niemeyer, localizada em uma área residencial de Brasília. A casa foi projetada por Oscar Niemeyer como moradia para ele e sua família no período de fundação e construção da cidade.
DOMINGO NA YAYÁ Recital de Piano O pianista Sérgio Carvalho, professor e instrumentista da equipe artística do CoralUSP, interpreta peças de Josef Haydn e Robert Schumann.
24/9 domingo, 10h-13h
DOMINGO NA YAYÁ Brinquedos e brincadeiras Crianças de todas as idades vão se divertir com brincadeiras de antigamente, como bolhas de sabão, cama de gato, bambolê, desenho e pintura com nossos educadores e monitores.
Segundo a Carta Patrimonial da USP, o patrimônio cultural universitário é formado por bens portadores de referência à memória, identidade e ação dos vários grupos sociais formadores da Universidade. Entender esse patrimônio envolve, portanto, reconhecer as várias referências culturais relevantes para todos os membros da comunidade universitária: estudantes, servidores docentes e servidores técnico-administrativos. Parte da memória dos docentes e, em alguma medida, a dos estudantes, contudo, já estão razoavelmente bem representadas em monumentos, topônimos, publicações e outras iniciativas de memorialização: temos espalhadas pela universidade inúmeras salas, auditórios, edifícios e laboratórios nomeados a partir de célebres e saudosos ex-docentes e ex-alunos da universidade, assim como monumentos como aquele dedicado ao professor Ramos de Azevedo em frente à Escola Politécnica. No entanto, uma parte importante da vida universitária ainda permanece pouco representada nas narrativas, na memória e no patrimônio universitário — aquela referente aos técnicos-administrativos, personagens que normalmente atuam nos bastidores da universidade responsáveis por fazer suas engrenagens funcionarem adequadamente.
Neste programa o CPC tem o prazer de ouvir o depoimento de três lideranças históricas do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp): Claudionor Brandão, Magno de Carvalho e Neli Wada. Estes depoimentos falam sobre o trabalho e a militância no dia-a-dia da universidade, a memória das primeiras manifestações sindicais — ainda fortemente reprimidas pela Ditadura Militar —, a trajetória de lutas, disputas e conquistas e a maneira como toda essa memória está presente no dia-a-dia da universidade.