O Centro de Preservação Cultural – Casa de Dona Yayá, órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, promove entre os dias 3 e 6 de setembro de 2024 o 3º Seminário Patrimônio Cultural Universitário. Com a intenção de debater questões ligadas à gestão, pesquisa, preservação, interpretação e valorização dos bens culturais próprios da vida e da experiência universitária, o CPC busca com este evento reunir pesquisadores, estudantes, profissionais e demais interessados no tema.
Com apoio da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento e da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, o evento é organizado em torno de conferências, mesas de debate e sessões de comunicação, nas quais serão discutidas e apresentadas as várias facetas das referências culturais universitárias, abarcando edificações, monumentos, acervos, celebrações, lugares, formas de expressão, celebrações, paisagens e naturezas vividas nas universidades.
Discutindo o patrimônio universitário
Embora as universidades sejam centros de referência consolidados na produção de conhecimento e de ação sobre a temática do patrimônio cultural, ainda são incipientes as iniciativas relacionadas ao reconhecimento do próprio universo de referências culturais que as caracteriza e que constitui parte fundamental da vida cotidiana de seus habitantes — estudantes, docentes, funcionários e demais frequentadores e entusiastas.
Com efeito, ainda que sejam inúmeros os casos de bens culturais oficialmente reconhecidos por autoridades de diferentes instâncias localizados em campi universitários, tratam-se usualmente de monumentos, edificações, conjuntos urbanísticos e paisagísticos cujos valores estão associados a narrativas ou a processos culturais não necessariamente intrínsecos à experiência ou à vida universitária: tratam-se de edifícios ligados à história canônica da arquitetura (por terem sido projetados por figuras de destaque ou pelas suas características estético-estilísticas), por exemplo, ou bens ligados a narrativas extrínsecas às das universidades. Neste sentido, destacam-se alguns dos bens universitários presentes na lista do Patrimônio Mundial da Unesco, como o campus da Universidade da Virgínia, nos EUA — cujo reconhecimento se deve mais à sua ligação com a trajetória de Thomas Jefferson e aos mitos de origem da nação estadunidense e menos com as práticas culturais universitárias que ali têm lugar — ou os célebres campi universitários na Cidade do México e em Caracas, cuja patrimonialização se deu mais em função de se constituírem de exemplares únicos de um determinado momento da história da arquitetura e do urbanismo no século 20 do que pela sua caracterização enquanto lugar da vida universitária contemporânea.
Caso similar ocorre na Universidade de São Paulo, lar de cerca de 25 bens tombados em diferentes instâncias — a maior parte dos quais por motivos extrínsecos à vida universitária, seja por se tratarem de relevantes obras da história da arquitetura paulista, seja ainda pela persistência do discurso da vinculação a “fatos relevantes” da história nacional. O campo do patrimônio cultural universitário ainda constitui um enorme território a ser melhor explorado, entendido e debatido. Desde 2022 o Centro de Preservação Cultural da USP vem realizando diversas iniciativas para estudar e problematizar o patrimônio da USP, como o Inventário Participativo das Referências Culturais, os Roteiros do Patrimônio da USP e o 1º Concurso de Fotografia do Patrimônio Cultural — Imagens em Patrimônio.
Como lidar com as várias formas de expressão, lugares, saberes, espaços, paisagens, celebrações, rituais, tradições e elementos do cotidiano da vida universitária que estão inseridos em uma complexa teia de significações e de relações simbólicas das quais participam os vários habitantes da universidade? De saberes de sala de aula às táticas consolidadas de apropriação dos espaços em manifestações políticas e culturais; das práticas consolidadas de ensino, pesquisa e extensão presentes em cadernos de campo, cadernos de laboratório, cadernos de fichamento e outros elementos da cultura material universitária aos lugares que se tornam referenciais para a trajetória estudantil; dos rituais ligados à constituição de um ethos próprio do ser universitário (como as várias performances presentes em bancas, arguições, exames, colações, etc) aos elementos mais prosaicos do cotidiano universitário, como as festas, assembleias, competições esportivas, entre outros elementos da vida universitária: tudo isso diz respeito necessariamente à “memória, ação e identidade” dos grupos formadores das muitas comunidades universitárias.
Em outros dois momentos o Centro de Preservação Cultural já se debruçou de forma mais detida sobre o problema do patrimônio cultural universitário: em 2012, quando da realização do Simpósio Experiência cultural e patrimônio universitário e em 2017, durante a 2ª edição do Seminário sobre reconhecimento de bens culturais, quando o foco esteve nos bens culturais universitários em suas distintas naturezas, de forma panorâmica. No ano em que a USP comemora seus 90 anos e passada mais de uma década do primeiro evento e após sete anos do segundo, retornamos ao tema a fim de promover reflexões mais aprofundadas sobre os diferentes problemas que vimos encontrando no trato do patrimônio cultural universitário e em particular de nossa relação com o patrimônio ligado ao cotidiano da Universidade de São Paulo.
programação
Segue a programação consolidada do seminário:
3/9, terça-feira
MANHÃ
9h30. Abertura
10h–12h. Conferência
O patrimônio nos 90 anos da USP
Paulo César Garcez Marins (Museu Paulista USP)
TARDE
13h30–15h30. Mesa 1
Ciência, sala de aula e práticas de formação como patrimônio científico
Bernardo Szarvtaman (IP USP)
Emanuela Sousa Ribeiro (UFPE)
Guilherme Torres Corrêa (Dr. FE USP)
Mediação: Gregório Ceccantini (IB USP)
Intervalo: Apresentação do grupo Chorusp
Chorinho
16h30–18h30. Mesa 2
Política universitária e memória: USP na ditadura
Janice Theodoro (FFLCH USP)
Marcos Napolitano (FFLCH USP)
Mediação: Ana Lanna (PRIP–USP)
NOITE
19h–20h
Visita mediada à Casa de Dona Yayá (inscrições durante o evento)
4/9, quarta-feira
MANHÃ
9h–12h. Sessões de comunicação
Sessão de comunicação 1: memória institucional
Sessão de comunicação 2: patrimônio edificado e preservação
Sessão de comunicação 3: acervos, preservação e gestão de coleções universitárias
TARDE
13h30–15h30. Mesa 3
Morar e comer: cotidiano universitário e práticas culturais
Renato Cymbalista (PRIP–USP)
Éder Claudio Malta (UFS)
Otávio Luís Machado (UFOP)
Mediação: André Frota Faraco (IAU USP)
Intervalo. Apresentação do grupo Acappoli
Canto
16h30–18h30. Mesa 4
Patrimônio natural: vidas no campus
Julio Pastore (UnB)
Zoy Anastassakis (UERJ)
Mediação: Gabriel Fernandes (CPC–USP)
NOITE
19h–20h
Visita mediada à Casa de Dona Yayá (inscrições durante o evento)
5/9, quinta-feira
MANHÃ
9h–12h. Mesa 5
Do esporte à festa: vivências artísticas e sociabilidades universitárias
Carlos Eduardo Costa (UFSCar)
Fabiola Zonno (UFRJ)
Gabriel de Oliveira Morais (Me. FFLCH USP)
Hélio Herbst (UFRRJ)
Mediação: Joana Mello (FAU USP)
TARDE
13h30–15h30. Sessões de comunicação
Sessão de comunicação 4: acervos, formação e caracterização de coleções universitárias
Sessão de comunicação 5: educação patrimonial
Sessão de comunicação 6: referências culturais, inventário de saberes e formas de expressão universitária
Intervalo. Apresentação do grupo Agravo de instrumento
Bateria universitária
16h30–18h30. Conferências
Patrimônio universitário na América Latina
Aguedita Coss Lanz (Copred-UCV)
Benny Schvarsberg (UnB)
Umberto Bonomo (PUC Chile)
Mediação: Marianna Boghosian (AEC/AU)
6/9, sexta-feira
MANHÃ
9h–12h. Sessões de comunicação
Sessão de comunicação 7: acervos, memória e vida universitária
Sessão de comunicação 8: patrimônio arquitetônico, urbanístico e paisagístico dos campi
Sessão de comunicação 9: patrimônio universitário e extensão
TARDE
14h. Roteiros do patrimônio da USP
Percursos mediados pelo Centro de São Paulo e pelo campus Butantã (inscrições durante o evento)
Sessões de comunicação
O evento contará com uma série de sessões de comunicação de trabalhos encaminhados por pesquisadores, estudantes e profissionais espalhados por todo o país.
Os trabalhos foram selecionados a partir de chamada realizada entre maio e junho de 2024, a qual foi respondida por um número bastante significativo de propostas. Infelizmente, em função de nossas limitações e pelo escopo do evento, não foi possível acolher todas as propostas encaminhadas.
Confira abaixo a programação das sessões.
4/9, quarta-feira, 9h–12h
SESSÃO 1
Memória institucional
Auditório (1º andar)
Mediação:
José Hermes M. Pereira
Manter, derrubar ou ressignificar: o Monumento da Integração da Universidade Federal de Viçosa
Onde se produzem e resguardam os projetos de arquitetura da UnB
Pasteur 458: o campus da unirio como um lugar de memória
Memória institucional: o patrimônio documental da Universidade Federal do Pará preservado em suas fotografias
“CEMENF On-Line”: uso da plataforma “Atom” como solução para a descrição, gestão e difusão do acervo documental do Centro de Memória da Escola de Enfermagem da UFMG.
SESSÃO 2
Patrimônio edificado e preservação
Sala Miguel Reale (3º andar)
Mediação:
Claudia Garcia
Documentação do E1: arquitetura moderna e tecnologia para a EESC USP, 1956–60
Requalificação do Museu Casa Padre Toledo em Tiradentes: democratização do acesso ao patrimônio e à arte através de ações de preservação
Mapeamento das atividades de Operação & Manutenção para a mitigação dos riscos no Museu Paulista da USP
O morar laboral da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira: memórias da Vila Operária da Rua Oriental
SESSÃO 3
Acervos, preservação e gestão de coleções universitárias
Sala Almeida Jr. (3º andar)
Mediação:
Ina Hergert
Desafios para gestão do Acervo Artístico da UFMG
Conservação preventiva de trajes da Cia. Cinematográfica Vera Cruz (1949–1954): Um estudo detalhado de cinco trajes do filme “Tico-Tico no Fubá”
CEDOC NTVRU: os desafios no restauro das mídias em Betacam da TV Universitária
Práticas e Ética na Manutenção de Coleções Científicas Universitárias: Uma Análise da Intersecção entre Museologia e Medicina
Os desafios para a preservação do patrimônio de ciência e tecnologia das universidades: o caso do Museu Histórico
da FMVZ
5/9, quinta-feira, 13h30–15h30
SESSÃO 4
Formação e caracterização de coleções universitárias
Sala Brasílio Machado
(3º andar)
Mediação:
Rodrigo Augusto das Neves
A Coleção de Taxidermia do Museu de Ciência e Técnica da EM–Ufop e suas potencialidades acadêmicas e sociais
Museu Casa do Sertão UEFS: 46 anos pautando a memória cultural de Feira de Santana
A Rádio da Universidade como patrimônio cultural
A proteção do patrimônio cultural universitário pelos documentos da UFPE
SESSÃO 5
Formação e caracterização de coleções universitárias
Auditório (1º andar)
Mediação:
Maria Del Carmen Hermida Martinez Ruiz
A mediação do patrimônio universitário: desafios da formação de bolsistas de graduação
Patrimônio, universidade e sociedade: A UnB e suas potencialidades como Patrimônio Cultural no território brasiliense
Cartilha de Educação Patrimonial: Sitio Histórico Moderno da UFPE
SESSÃO 6
Referências culturais, inventários de saberes formas de expressão
Sala Pires da Motta
(3º andar)
Mediação:
Sofia Diogo Braga
Rede, Roda e Rolê: um percurso afetivo na Universidade de Brasília
Identificando referências culturais com os
universitários da
USP São Carlos:
da universidade à cidade
Por um inventário da
capoeira na USP
5/9, quinta-feira, 13h30–15h30
SESSÃO 7
Acervos, memória e
vida universitária
Sala Almeida Jr. (3º andar)
Mediação:
Inês Gouveia
A biblioteca da FAUUSP como patrimônio cultural universitário
As iniciativas museais na trajetória da Universidade
de Brasília
A Biblioteca da Faculdade de Direito da USP: das edificações tombadas ao patrimônio
cultural digital
O Acervo do Centro de Memória da Amazônia da UFPA: Os processos crimes e as questões ambientais nos séculos XIX e XX
A preservação dos objetos tecnológicos cinematográficos no contexto da conservação de coleções universitárias de bens culturais científicos
SESSÃO 8
Acervos, memória e
vida universitária
Sala Miguel Reale (3º andar)
Mediação:
Matheus Bonini Machado
Patrimônio arquitetônico no Campus Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo
O patrimônio do Campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília: reconhecimento e salvaguarda
O patrimônio construído da UFBA e o desafio da sua preservação
Identificação do patrimônio arquitetônico neocolonial do campus da UFRRJ em Seropédica
SESSÃO 9
Patrimônio universitário e extensão
Sala Brasílio Machado
(3º andar)
Mediação:
Martha Marandino
Re-unir ciência e história para ampliar o interesse e os usos das coleções científicas geológicas
Mulheres na ciência: cientistas e professoras do Instituto de Química de Araraquara
Análise Mineralógica presente no acervo do Museu de Minérios do IFRN como forma de imersão, acessibilidade e permanência através dos grupos sociais visitantes estudados
Cotidiano universitário e o Inventário Participativo de Referências Culturais da USP
Roteiros como
extensão universitária
Caderno de resumos
A totalidade da programação do seminário e os resumos de cada uma das apresentações e das comunicações consta no caderno de resumos, disponível para download abaixo (PDF, 2,64MB).
Visitas mediadas e Roteiros do patrimônio
Conforme indicado na programação acima, o CPC oferecerá ao longo do evento atividades de reconhecimento dos bens culturais da USP para os participantes do Seminário. Tratam-se de visitas mediadas à Casa de Dona Yayá (oferecidas na terça e na quarta-feira, dias 3 e 4 de setembro, à noite) e duas edições simultâneas dos Roteiros do Patrimônio da USP, uma no campus Butantã e outra no centro de São Paulo (ambas na tarde do dia 6 de setembro, sexta-feira).
A fim de melhor organizar as atividades, pedimos aos participantes do Seminário interessados que se inscrevam nelas em nossa mesa de apoio, que ficará localizada no primeiro andar da Faculdade de Direito, próxima às escadas e aos elevadores.
Inscrições
A participação no evento será gratuita. Interessados em obter certificado de participação como ouvintes deverão preencher formulário o seguinte formulário.
Locais e horários
As conferências, apresentações culturais, mesas e sessões de comunicação ocorrerão nas dependências da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, localizada no centro da cidade de São Paulo. Ao longo do evento também ocorrerão visitas mediadas a bens culturais da universidade e à Casa de Dona Yayá, em programação a ser oportunamente informada aos participantes interessados.
Ficha técnica
Comissão organizadora
Flávia Brito, diretora do CPC–USP
Joana Mello, vice-diretora do CPC–USP
Gabriel Fernandes, especialista do CPC–USP
Rodrigo Augusto das Neves, estagiário do CPC–USP
Sofia Diogo, estagiária do CPC–USP
Matheus Bonini Machado, estagiário do CPC–USP
Julia Morais Peredo, estagiária do CPC–USP
Comissão científica
Flávia Brito (CPC–USP)
Joana Mello (CPC–USP)
Gabriel Fernandes (CPC–USP)
Elizabete Ribas (IEB–USP)
Projeto gráfico
Júlia Morais Peredo
Gustavo Macedo Menossi
Realização
Centro de Preservação Cultural da USP – Casa de Dona Yayá (CPC)
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP (PRCEU)
Apoio
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FD–USP)
Pró-Reitoria de Inclusão de Pertencimento da USP (PRIP)