Oficina de Fotografia: olhando o bairro do Bixiga

O que é que caracteriza o bairro do Bixiga? Que dimensões materiais e imateriais
atravessam este bairro e nos contam sua história? Através de aulas teóricas e práticas de
fotografia, onde abordaremos as questões técnicas básicas junto a temas como cidades,
fotografia de rua, documentário e documentário imaginário, percorreremos o bairro em
busca de imagens que contem algo sobre ele.
OBJETIVOS: Compreender as variáveis da fotografia e os recursos de cada câmera, além de ampliar as possibilidades de composição através das discussões imagéticas são itens
importantes para que o fotógrafo possa concretizar a imagem que deseja. Assim,
relacionaremos técnica e estética a todo o momento, fazendo intersecções com os campos da sociedade, da arquitetura, do urbanismo e do patrimônio em suas mais diversas formas.
METODOLOGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: Aulas expositivas mescladas a atividades
práticas.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E APROVAÇÃO: Presença e participação nas aulas.
PROGRAMA
AULA 1:
DATA: 08/05/2024
14-16:30h
Ampliação do conceito de assunto na fotografia;
Fotografia de rua, documental e documental imaginário;
Escolhas fotográficas;
Entendimento do funcionamento básico da câmera;
Luz.
AULA 2:
DATA: 11/05/2024
10:30 às 13h
Saída fotográfica pelo bairro a partir do levantamento dos interesses.

AULA 3:
DATA: 15/05/2024
14-16:30h
Análise das imagens produzidas pelos participantes, a fim de pensarmos onde estão as
potências, as dificuldades e os possíveis aprendizados.
Exposição de trabalhos de fotógrafos sobre cidades e fotografia de rua.
Fotometria: Obturador, diafragma, ISO
A luz – 6 características técnicas da luz
Luz natural x luz artificial / Luz como linguagem.

AULA 4:
DATA: 22/05/2024
14-16:30h
Composição e enquadramento.
Lentes.
Exposição de trabalhos de fotógrafos sobre moradores e interiores.
AULA 5:
DATA: 25/05/2024
10:30 às 13h
Saída fotográfica pelo bairro – mini projetos.
AULA 6:
DATA: 29/05/2024
14-16:30h
Análise das imagens produzidas pelos participantes, a fim de pensarmos onde estão as
potências, as dificuldades e os possíveis aprendizados.
Exposição de trabalhos de fotógrafos sobre outras formas de documentar.

Inscreva-se!

Um primeiro roteiro audiovisual: memória de vida / histórias da família

Curso de Difusão

As trajetórias familiares, para além do interesse particular, se relacionam com períodos históricos e fenômenos sociais importantes, fazendo parte da memória da cidade e do país, constituindo em diversos sentidos o nosso patrimônio material e imaterial.

Partindo desse entendimento, este curso propõe desenvolver roteiros de curtas-metragens com base nas histórias de família usando o audiovisual como linguagem e explorando suas especificidades e potencialidades.

Público-alvo: estudantes, moradores do bairro Bela Vista, funcionários da USP, pesquisadores, de 16 a 80 anos, de qualquer escolaridade, sem pré-requisito.

Datas: 30/4; 7, 14, 21 e 28/5; 4/6 de 2024. Terças-feiras, das 18h às 21h

Ministrante: Eduardo Kishimoto (CPC-USP)
Inscrições gratuitas de 25 de março a 15 de abril de 2024: http://e.usp.br/q05

Curso presencial gratuito!

Patrimônio da loucura: literatura e arquitetura manicomial brasileira (séculos XIX-XX)

SOBRE O CURSO: Diversos campos do saber nos ensinam que a fronteira entre os
territórios da loucura e da sanidade mental é dinâmica e socialmente construída.
São muitos os pesquisadores das áreas da história, da filosofia, da medicina e da
psicologia que se dedicam a identificar, descrever e analisar o fenômeno da
loucura e o lugar por ela ocupado em diferentes culturas ao longo do tempo. Uma
abordagem da loucura a partir do campo do patrimônio, especificamente por
meio da literatura e da arquitetura, pode enriquecer o debate a respeito das
questões concernentes ao sofrimento psíquico e seus tratamentos na história
brasileira recente, fornecendo novas perspectivas para pensar a maneira como
tais questões se apresentam na atualidade.
Inscrições: http://e.usp.br/pxp

OBJETIVOS:

  1. Introduzir o debate acerca da saúde mental, partindo de bases históricas,
    médicas e filosóficas;
  2. Fornecer um panorama histórico das instituições ligadas ao tratamento
    da loucura no Ocidente, com ênfase na trajetória dos principais hospitais
    psiquiátricos brasileiros dos séculos XIX e XX;
  3. Apresentar algumas das diferentes formas sob as quais a loucura é
    retratada no mundo das letras, em especial na literatura brasileira dos
    séculos XIX e XX;
  4. Oferecer as ferramentas para relacionar as manifestações artísticas da
    loucura, em especial por meio da literatura, mas também das artes
    plásticas, com as condições espaciais do seu tratamento, a partir do
    estudo de caso do Hospício do Juquery, localizado em Franco da Rocha –
    São Paulo.

Apresenta as perspectivas históricas, filosóficas e científicas distintas sob as quais constitui-se o fenômeno da loucura e seus diversos encaminhamentos, dando ênfase ao dispositivo do manicômio e sua trajetória no Brasil entre os séculos XIX e XX. A
partir daí, aborda a experiência manicomial dos diversos sujeitos a ela
submetidos por meio da literatura em suas mais distintas formas (denúncia,
ficção, diários etc.). Finalmente, articula essas instâncias através do estudo de
caso do hospício do Juquery (localizado em Franco da Rocha – São Paulo),
enriquecendo a discussão por meio de uma incursão nas artes plásticas e sua
mobilização pela terapia ocupacional, que culmina em uma visita de campo ao
Museu de Arte Osório César, localizado nas antigas dependências do Juquery.

METODOLOGIA: Aulas expositivas presenciais, amparadas pela bibliografia
selecionada, seguidas de um espaço para trocas e debates entre os participantes
e a ministrante. Inclui atividade externa na forma de visita a museu.
CRITÉRIOS DE APROVAÇÃO: Presença e participação nos encontros.
PÚBLICO ALVO: Voltado a estudantes de graduação e pós-graduação, em
especial àqueles vinculados às áreas das humanidades e das ciências sociais
aplicadas, bem como para a comunidade em geral e demais interessados pelo
tema.
ÁREA DE CONHECIMENTO: Ciências Sociais Aplicadas e Ciências Humanas.

PROGRAMA COMPLETO (AULA A AULA)
Aula 1 – A loucura em questão: do sofrimento psíquico à doença mental
03/04/2024 (qua) – 18:30h-21:00h
Duração: 2:30 h
Ementa: O que chamamos de loucura? Discussão sobre as distâncias e
aproximações entre o sofrimento psíquico e a doença mental. Sofrimento
psíquico como instância constituinte do sujeito e doença mental como

diagnóstico social e cientificamente construído. Recortes de raça, gênero e classe
nos dispositovos psiquiátricos brasileiros.
Aula 2- Os lugares da loucura na cultura ocidental: imaginário e
materialidade
10/04/2024 (qua) – 18:30h-21:00h
Duração: 2:30 h
Ementa: Templos e teatros como lugares da loucura na antiguidade. A demonologia cristã e a loucura como possessão durante a Idade Média, os limites da liberdade e a Nau dos Loucos. O humanismo renascentista, a loucura lúcida e o pavilhão hospitalar. O racionalismo do século XVII e a relação da loucura com a criminalidade. O século XVIII, a ciência e o manicômio. O Brasil, a chegada da corte portuguesa e o primeiro hospício da América Latina. Hospício Pedro II e suas colônias de alienados. Para além da capital: Barbacena e introdução ao Juquery.
Aula 3 – A loucura no mundo das letras: confinamento, experiência e
denúncia
17/04/2024 (qua) – 18:30h-21:00h
Duração: 2:30 h
Ementa: Como a loucura é retratada na literatura? Em quais gêneros literários
ela aparece? Qual a função da escrita nos quadros onde o sofrimento psíquico se
impõe? A ficção, a denúncia e a escrita de si a partir de obras de autores
nacionais e internacionais. Daniel Paul Schreber, Antonin Artaud, O Holderlin de
Agamben, O alienista de Machado de Assis, A redoma de vidro de Sylvia Plath,
Nellie Bly, Leonora Carrington, o falatório de Stella do Patrocínio, os diários de
Lima Barreto, Maura Lopes Cançado e Torquato Neto, entre outros.
Aula 4 – Juquery: hospital, relato e museu
24/04/2024 (qua) – 18:30h-21:00h
Duração: 2:30 h
Ementa: História e localização do Juquery. A linha de trem e o manicômio. A
arquitetura e a espacialidade da loucura. Denúncias jornalísticas: “Cinzas do
Juquery” e “O capa-branca”. Origens do setor de terapia ocupacional, Nise da
Silveira e as artes plásticas. Os registros de Alice Brill, as classificações da arte de
hospício e o Museu de Arte Osório César.
Aula 5 – Visita ao Museu de Arte Osório César
27/04/2024 (sáb) – 13:00h-17:00h
Duração: 4:00 h
Ementa: Ponto de encontro na estação de metrô/ trem “Palmeiras- Barra funda”,
seguida de percurso de trem até a estação Franco da Rocha (10 estações que
constituem viagem de 40 minutos em média). Caminhada até o Museu de Arte
Osório César (cerca de 10 minutos), onde será realizada a visita pelos remanescentes do antigo Hospício do Juquery e o contato com o acervo de obras de arte produzidas pelos seus internos no Museu.


Curso Análise de riscos aplicada ao edifício Casa de Dona Yayá

Estão abertas as inscrições para o primeiro curso de 2024 do CPC USP: Análise de riscos aplicada ao edifício Casa de Dona Yayá (casarão secular que sedia o Centro de Preservação Cultural da USP).

O Brasil possui mais de três mil museus, além de arquivos, bibliotecas e centros de memórias, dentre outras instituições que abrigam acervos, mas carece de centros de formação e grupos profissionais ativos. O cuidado com coleções numerosas é um desafio específico para a área da conservação e exige uma gama de conhecimentos dinâmicos, como arquitetura e engenharia, gestão, documentação e identificação de elementos, materiais e técnicas. Este curso é um projeto piloto e visa contribuir com o atendimento à grande demanda por formação, por reconhecimento e valorização dos recursos humanos presentes nas instituições com acervos.
Ao longo das aulas serão realizadas etapas de elaboração de um plano de emergência e treinamento para situações que envolvam água. Pretende-se que os alunos apliquem os conhecimentos vistos na aula teórica em uma aula prática onde a própria edificação do CPC USP será utilizada como estudo de caso.

Carga Horária: 12 horas (às terças feiras) em formato presencial.
Público-alvo: profissionais e pesquisadores que trabalham ou fazem pesquisas relacionadas a acervos culturais.

Inscrições de 5 a 19 de janeiro através do link https://uspdigital.usp.br/apolo/apoObterCurso?cod_curso=10400383&cod_edicao=23001&numseqofeedi=1
30 vagas.
Ministrantes: Flávia Urzua, Ina Hergert e Juliana Saft.
Curso gratuito!

curso de difusão do CPC USP, “a memória dos esquecidos: os excluídos da história”

Inscrições abertas para o próximo curso de difusão do CPC USP, “A memória dos esquecidos: os Excluídos da História”, que ocorrerá de 2/10 a 6/11, às segundas-feiras, na Casa de Dona Yayá, sede do @cpcusp

As aulas têm como objetivo compreender as relações entre memória, História e esquecimento de alguns grupos de pessoas que foram silenciados, bem como assimilar o papel das relações de poder com a memória material e imaterial; pensar sobre os diversos tipos de apagamento da memória e as formas de resistência e preservação dos espaços e da vida de determinados indivíduos; relacionar os campos da arquitetura, do urbanismo e do patrimônio em suas mais diversas formas, em uma perspectiva conjunta desses distintos saberes e sua necessária articulação com outras disciplinas; refletir sobre a dimensão urbana do patrimônio, considerando a cidade como bem cultural; estimular o questionamento sobre o papel da sociedade na preservação da memória.

Público-alvo: historiadores, arquitetos e demais interessados no estudo da História das Cidades

ATIVIDADE PRESENCIAL

Inscrições gratuitas de 22 a 29/09/2023

Link para inscrições: https://uspdigital.usp.br/apolo/apoObterCurso…

“A memória dos esquecidos: os Excluídos da História”

Ministrante: Maíra Rosin

De 2/10 a 6/11/2023

Segundas-feiras, das 17h às 19h

Carga horária: 10 horas

30 vagas

Local: CPC-USP/Casa de Dona Yayá

Rua Major Diogo, 353 – Bela Vista – SP

Patrimônio cultural na atualidade: entre disputas e direitos

Este curso partiu da iniciativa de dois historiadores cujas pesquisas e ativismo tiveram como foco a problematização dos agentes e agências sociais envolvidos na proteção oficial de bens e manifestações culturais junto às políticas públicas de preservação em âmbito municipal, estadual e federal, a saber os conselhos de preservação dos municípios paulistas de São Bernardo do Campo e Jundiaí, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Compreendendo o patrimônio cultural na atualidade como um fenômeno complexo que envolve o poder público, saberes especializados e movimentos sociais, em nossas trajetórias observamos como as políticas para a sua salvaguarda podem ser (e são) apropriadas e reapropriadas por diversos setores da sociedade respondendo às mais diversas motivações: questões urbanas, ambientais, sociais, econômicas, políticas, corporativas, de segurança, memoriais, identitárias, públicas e até mesmo acadêmicas e científicas. Constatamos também o papel central de profissionais especialistas que, por meio de pareceres técnicos, redefinem constantemente as balizas metodológicas e conceituais que determinam a proteção efetiva (ou não) do patrimônio cultural.

Este curso de difusão busca uma reflexão sobre como os saberes acadêmicos podem ser apropriados pelos grupos sociais para a afirmação e defesa de direitos culturais, socioambientais e fundiários junto às políticas públicas. A proposta é realizar um encontro entre o saber acadêmico e a práxis social, dos saberes especializados resultantes de pesquisas científicas com os saberes práticos vivenciados pelos movimentos sociais motivados por fatores memoriais, identitários e éticos que configuram o campo do patrimônio cultural.

Justificativa

Historicamente, a Universidade de São Paulo atuou ativamente junto aos órgãos de preservação e agentes públicos para a definição de parâmetros e marcos conceituais e também de procedimentos institucionais para a atuação oficial dos órgãos de preservação, especialmente o CONDEPHAAT, como explica Marly Rodrigues (2000). A título de exemplo podemos citar os conceitos de patrimônio ambiental urbano (MENESES, 2006) e o caráter cultural do patrimônio natural (DELPHIM, 2017). O papel desempenhado por intelectuais como historiadores, arquitetos e antropólogos na definição de categorias conceituais, de metodologias e de procedimentos do patrimônio cultural também foi apontado e discutido por Márcia Chuva (2012) e Flávia Brito do Nascimento (2016).

Em resposta aos ventos da redemocratização, a Constituição de 1988 consolidou mecanismos participativos também nas políticas públicas de preservação, para que a população se apropriasse desses procedimentos para defender causas coletivas de diferentes domínios da vida cotidiana (HEINICH, 2009) como meio de afirmação e defesa de direitos culturais (CAMPOS, 2018) traduzidos em valores de natureza estética, cognitiva, afetiva, pragmática e ética (MENESES, 2012). A cidade de São Paulo, por exemplo, apresenta um menu bastante diversificado dessas causas sociais que se traduzem direta ou indiretamente na forma do patrimônio cultural, por exemplo, os movimentos pela criação do Parque Augusta, pela continuidade do funcionamento do Cine Belas Artes e, mais recentemente, em defesa do complexo esportivo do Ibirapuera e pela valorização da memória afro-brasileira nos bairros do Bixiga e da Liberdade.

Na medida em que nossas pesquisas buscaram pôr em questão as variáveis da complexa equação que Nathalie Heinich (2009) chama de “fábrica do patrimônio” – valores reivindicados, saberes especializados e procedimentos institucionalizados – nosso curso tem como objetivo refletir, junto aos participantes, em que medida o patrimônio cultural serviu, tem servido e pode servir como campo de afirmação de direitos sociais. Isso em vista propomos identificar valores culturais, discutir categorias de preservação e avaliar efeitos da proteção oficial do patrimônio cultural na contemporaneidade.

Parâmetros conceituais

Partimos aqui do pressuposto de que o patrimônio cultural é um fenômeno que, nas últimas décadas, se tornou sensível a qualquer experiência social. Se, em sua origem, esteve a serviço da construção de identidades nacionais para os Estados Modernos, hoje reflete diferentes maneiras por meio das quais as sociedades ocidentais estabelecem suas relações com o passado (POULOT, 2012). Se por um lado é resultado do trabalho de especialistas institucionalizado pelo Estado segundo critérios conceituais, jurídicos e administrativos (HEINICH, 2009), por outro também é fruto das paixões identitárias (LE GOFF, 1998) e das emoções patrimoniais (FABRE, 2013) que mobilizam diversos setores da sociedade pela sua preservação. Se é um discurso autorizado que valida uma série de bens e práticas sociais, por outro também serve como um instrumento de oposição e subversão política e cultural para a afirmação de identidades e defesa de direitos (SMITH, 2006). Não se perde de vista aqui que esses discursos têm implicações materiais sobre as “coisas” por meio das quais se dão as relações sociais (HARRISON, 2013).

No que diz respeito às disputas sobre o espaço urbano que se traduzir em termos patrimoniais, colocamos em perspectiva não só a Constituição de 1988 e todos os instrumentos participativos que ela reconheceu e instituiu como os conselhos de preservação e de cultura (PAIVA, 2017; CALABRE, 2010) e órgãos de planejamento urbano como também o Estatuto da Cidade (2001). Consideramos essas apropriações coletivas do espaço urbano sob a perspectiva do patrimônio ambiental urbano conforme definidas por Ulpiano de Meneses (2017) e Marly Rodrigues (TOURINHO; RODRIGUES, 2016).

No que diz respeito ao patrimônio natural, tomamos como referência os valores culturais da natureza apontados por Aziz Ab’saber, Simone Scifoni (2007) e Rafael Winter Ribeiro (2007) abordando também práticas de proteção dessa categoria de bem cultural como a aplicação do conceito de paisagem cultural e do instrumento da chancela pelo Iphan conforme os estudos de Danilo Pereira (2018), as ações do CONDEPHAAT em direção à proteção da paisagem analisadas por Felipe Crispim (2014) e as interfaces entre políticas patrimoniais e ambientais no licenciamento ambiental conforme discutidas por Claudia Leal e Luciano Silva (2016).

A questão ambiental vem também ao encontro do valor cultural atribuído a elas por comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras. Nesse sentido abordamos as relações entre as questões patrimoniais e fundiárias envolvendo povos indígenas e quilombolas na Constituição de 1988 conforme debatidas por Yussef Campos (2018) e dos territórios indígenas seus direitos constitucionais por Manuela Carneiro da Cunha (2018), bem como as narrativas de reconhecimento e valorização da memória indígena e afro-brasileira abordadas por Natália Louzada (2011) e David William Ribeiro (2021). Sobre a questão do patrimônio caiçara tomamos como parâmetro o trabalho de Simone Toji (2009), em especial o dossiê Patrimônio Cultural Imaterial e Desenvolvimento Sustentável, organizado pela antropóloga e publicado na Revista do CPF-SESC (TOJI, 2021)

Adotamos o conceito de patrimônios difíceis como definidos por Cristina Meneguello (2020), ou seja, bens e locais que remetem a experiências de dor, sofrimento e violência com fins de reparação histórica e reconhecimento de direitos. Nessa perspectiva tomamos como parâmetro os debates recentes sobre hospícios e sanatórios conforme proposto por Cristina Meneguello e Daniela Pistorello (2021), sobre a memória e da patrimonialização de lugares ligados à Ditadura Militar no Brasil como proposto por Deborah Neves (2014), a memória do trabalho conforme a discussão proposta por Marly Rodrigues (2012) e também a problematização da memória dos bandeirantes feita por Paulo Garcez Marins (2020) e que tem ganhado destaque no debate público recente em âmbito mundial.

Para discutir as tensões sobre as representações sociais nos acervos museológicos, propomos atualizar os debates acerca da Nova Museologia conforme proposto por Hugues de Varine (2013) a partir de casos contemporâneos como a ressignificação de acervos relacionados à cultura afro-brasileira conforme discutido por Pamela de Oliveira Pereira (2017) e Bianca Souza (2020), à cultura indígena, como o caso do MAE apresentado por Marília Xavier Cury (2021) e à memória da resistência contra a ditadura no Brasil, como chama a atenção Deborah Neves (2018).

Por fim para debater as possibilidades de participação social no campo das políticas públicas nos apoiamos nos trabalhos de Yussef Campos (2017) sobre o artigo 2016 da Constituição de 1988, de Ana Lucia Goelzer Meira (2008) sobre a experiência de Porto Alegre com o orçamento e plano diretor participativo, de Lia Calabre (2013) sobre os conselhos de cultura, de Sonia Rabello (2009) sobre o instrumento jurídico do tombamento, de Mário Telles sobre o instrumento do registro (2007) de Felipe Crispim (2014) sobre as políticas estaduais de preservação em São Paulo e de Marcelo de Paiva (2014, 2019) sobre as políticas municipais e federais de preservação e, finalmente o volume organizado por Yussef Campos, Raul Lanari e Inês Soares (2021) fazendo um balanço sobre as práticas de preservação do patrimônio imaterial no Brasil.

Objetivos
1. Abordar as questões sociais contemporâneas que têm transformado e redefinido o campo do patrimônio a partir de casos concretos e pesquisas atualizadas sobre essa temática
2. Discutir o alcance e os limites conceituais, administrativos, jurídicos e sociais das políticas de
preservação em nível municipal, federal e estadual.
3. Refletir sobre como o patrimônio cultural tem (ou não) servido como instrumento de defesa de valores e afirmação de direitos aos diversos grupos sociais que o reivindicam.
4. Divulgar referências bibliográficas e também marcos regulatórios sobre o patrimônio cultural com vistas ao empoderamento de setores e movimentos da sociedade civil interessados na preservação patrimonial.

Metodologia
Aulas expositivas dialogadas apresentando os principais temas atuais relacionados ao patrimônio em como parâmetros conceituais, administrativos, e sociais que o delineiam.
Debates em que as participantes e os participantes, se assim desejarem, contribuam com a reflexão sobre casos concretos a partir de suas próprias vivências e mobilizações.
Leitura crítica e debates de textos pré-selecionados.

Resultados esperados
Dar a conhecer os parâmetros conceituais, administrativos e sociais que definem os contornos do patrimônio cultural na atualidade, discutir sua aplicação prática a partir de casos concretos e possibilitar sua apropriação como instrumento conhecimento, de afirmação de valores culturais e de defesa de direitos sociais pelo público.

Público-alvo
Membros de movimentos sociais interessados na preservação patrimonial, estudantes e professores de ensino médio e superior, servidores públicos, e interessados em geral.

Eixos temáticos
Patrimônio ambiental urbano; patrimônio natural; patrimônio afro-brasileiro, indígena e caiçara; patrimônios difíceis; patrimônio museológico; direito à preservação

Programa
Aula 1 – A cidade que queremos: memórias e apagamentos no espaço urbano
Aula 2 – A natureza é patrimônio: a proteção cultural de bens naturais
Aula 3 – O passado é lição para refletir: patrimônio afro-brasileiro, indígena e caiçara
Aula 4 – Lembrar para não repetir: memórias difíceis, luto e reparação
Aula 5 – Coleções de memórias: acervos e representações em disputa
Aula 6 – Como se faz um patrimônio: políticas públicas de preservação e participação social

Referências
AB’SABER, Aziz. O tombamento da Serra do Mar no Estado de São Paulo. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 21, p. 07-20, 1986.
CALABRE, Lia . Conselhos de Cultura no Brasil: algumas questões. In: Albino Rubim; Taiane Fernandes; Iuri
Rubim. (Org.). Políticas culturais, democracia e conselhos de cultura. 1ed.Salvador: Edufba, 2010, v. 1, p. 305-324.
CAMPOS, Yussef Daibert Salomão de. Palanque e Patíbulo: o patrimônio cultural na Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988). SP: Annablume, 2018
CHUVA, Márcia. Por uma história da noção de patrimônio cultural no Brasil. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Nº34, p.147-065, Brasília-DF, 2012.
CRISPIM, Felipe Bueno. Entre a geografia e o patrimônio: estudo das ações de preservação das paisagens paulistas pelo CONDEPHAAT (1969-1989). Dissertação (mestrado em História), Guarulhos, UNIFESP, 2014.
CUNHA, Manuela Carneiro da; BARBOSA, Samuel (orgs.) Direitos dos povos indígenas em disputa. SP: Editora Unesp, 2018.
XAVIER CURY, M. . O Protagonismo Indígena e Museu: abordagens e metodologias. Museologia &
Interdisciplinaridade, [S. l.], v. 10, n. 19, p. 14–21, 2021.
DELPHIM, Carlos Fernando de Moura. Paisagem cultural e patrimônio natural: conceito e aplicabilidade. p.191-201. In: CASTRIOTA, Leonardo Barci; MONGELI, Mônica de Medeiros (coord). 1o Colóquio Ibero-americano Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto. Brasília-DF, Iphan; Belo Horizonte-MG, IEDS, 2017.
FABRE, Daniel. Le patrimoine porté par l’émotion. In: FABRE, Daniel (dir). Émotions patrimoniales. Paris: Éditions de la Maison des sciences de l’homme, 2013.
HARRISON, Rodney. Heritage: critical approaches. London: Routledge, 2013.
HEINICH, Nathalie. La fabrique du patrimoine: de la cathédrale à la petite cuillère. Paris: Éditions de la Maison des Sciences de l’homme, 2009.
LEAL, Claudia Feierabend Baeta; SILVA, Luciano de Souza e. A preservação do patrimônio cultural no contexto do licenciamento ambiental: possibilidades sociais e produção de (des)conhecimento sobre ambiente, cultura e patrimônio. Revista CPC, São Paulo, n.21, p. 08-35, jan./jul.2016.
LE GOFF, Jaques (dir). Patrimoine et passions identitaires : Entretiens du Patrimoine, Théâtre National de Chaillot, Paris, 6, 7 et 8 janvier 1997. Paris: Fayard, 1998.
LOUZADA, Natália do Carmo. Recriando Áfricas: subalternidade e identidade africana no candomblé de Ketu. Dissertação (mestrado em história), Goiânia, UFG, 2011.
MARINS, P. C. G.. Uma personagem por sua roupa: o gibão como representação do bandeirante paulista. Tempo, (Niterói Online) , v. 26, p. 404-429, 2020.
MEIRA, Ana Lúcia Goelzer. Gestão do Patrimônio Cultural Urbano de Porto Alegre no século XX. Forum Patrimônio, Belo Horizonte, v.2, n.1, janeiro/abril de 2008.
MENEGUELLO, Cristina. Patrimônios difíceis (sombrios). IN: CARVALHO, Aline de; MENEGUELLO, Cristina. Dicionário temático do patrimônio: debates contemporâneos. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 2020.
MENEGUELLO, Cristina; PISTORELLO, Daniela. Apresentação – Patrimônios difíceis e ensino de História: uma complexa interação. Revista de História Hoje, v. 10, p. 4-11, 2021.
MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de et al. A cidade como bem cultural: áreas envoltórias e outros dilemas, equívocos e alcance da preservação do patrimônio ambiental urbano. [Debate]. Patrimônio : atualizando o debate. São Paulo: IPHAN. . Acesso em: 13 out. 2022. , 2006.
MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. O campo do patrimônio cultural: uma revisão de premissas. In: SUTTI, Weber (coord). I Forum Nacional do Patrimônio Cultural: Sistema Nacional de Patrimônio Cultural: desafio, estratégias e experiências para uma nova gestão, Ouro Preto/MG, 2009. v.02. Brasília-DF: Iphan, p.127-135, 2012.
MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. Repovoar o patrimônio ambiental urbano. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Brasília-DF, 36, p. 39-52, 2017.
NEVES, Deborah Regina Leal. A persistência do passado: patrimônio e memoriais da ditadura em São Paulo e Buenos Aires. 2014. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
NEVES, Deborah Regina Leal. DOI-CODI II Exército: a experiência de preservação de um patrimônio sensível. Contenciosa , Año VI, nro. 8, 2018 – ISSN 2347-0011 Dossiê Ditadura Militar no Brasil.
PAIVA, Marcelo Cardoso de. Fabricando o patrimônio municipal: as ações de preservação do COMPAHC de São Bernardo do Campo. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), USP, São Paulo, 2014. PAIVA, Marcelo Cardoso de. O Brasil segundo o IPHAN: a preservação do patrimônio cultural brasileiro durante a gestão de Gilberto Gil no MinC (2003-2008). 2019. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.
PAIVA, Marcelo Cardoso de. Políticas municipais de preservação: perspectivas de participação social na proteção do patrimônio cultural. Revista Memorare, Tubarão-SC, v.4, n.1, p. 93-119, jan./abr., p. 92-119, 2017.
PEREIRA, Danilo. Paisagem como patrimônio: entre potencialidades e desafios para a implementação da Chancela da Paisagem Cultural Brasileira. Dissertação (Mestrado Profissional em Patrimônio), Rio de Janeiro: Iphan, 2018.
PEREIRA, Pamela de Oliveira. Novos olhares sobre a coleção de objetos sagrados afrobrasileiros sob a guarda do museu da polícia: da repressão à repatriação. Dissertação (mestrado em memória social), UFRJ, Rio de Janeiro, 2017.
POULOT. Dominique. A razão patrimonial na Europa do século XVIII ao XXI. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n.34, Brasília, p.27-44, 2012.
NASCIMENTO, Flávia Brito do. Patrimônio Cultural e escrita da história: a hipótese do documento na prática do Iphan nos anos 1980. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, v. 24, n. 3, p. 121-147, 1 dez. 2016.
RABELLO, Sonia. O Estado na preservação de bens culturais: o tombamento. Rio de Janeiro: Iphan, 2009.
RIBEIRO, David William. Caminhadas indígenas, quilombolas e afro-diaspóricas: mobilizando as políticas culturais e a produção do conhecimento por narrativas plurais da História (1988-2020). Tese (doutorado em História), São Paulo, USP, 2021.
RIBEIRO, Rafael Winter. Paisagem Cultural e Patrimônio. Rio de Janeiro, Iphan, 2007.
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SCIFONI, Simone. A construção do patrimônio natural. São Paulo: Edições Labur, 2007.
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RIBEIRO, Rafael Winter. Paisagem Cultural e Patrimônio. Rio de Janeiro, Iphan, 2007.

Ministrantes
Felipe Bueno Crispim: Licenciado em História pela Universidade Estadual Paulista UNESP Campus Assis e mestre em História pela Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP. Atuou como pesquisador e documentalista em projetos de identificação, inventário e preservação de acervos documentais e patrimônio cultural. Foi consultor da Diretoria de Patrimônio Artístico e Cultural de Jundiaí e parecerista da Revista Arqueologia Pública do Núcleo de Pesquisas e Estudos Ambientais, NEPAM UNICAMP. É autor do livro “Entre a Geografia e o Patrimônio: estudo das ações de preservação das paisagens paulistas pelo Condephaat (1968-1989), Fapesp/EdUFABC, 2016 e membro do Grupo de Trabalho em História Ambiental da Associação Nacional de História, Seção São Paulo, Anpuh SP. Atualmente é doutorando no Programa de Pós Graduação em História da Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP.

Marcelo Cardoso de Paiva: bacharel e licenciado em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), mestre e doutor em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Realizou estágio de pesquisa na University of Manchester, na Inglaterra, e na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, na França. Atua como professor, pesquisador e consultor nas áreas de história, ensino e patrimônio cultural. Foi assistente de curadoria no projeto Novo Museu do Ipiranga, foi professor de história da rede pública de ensino do estado de São Paulo e é autor do livro Águas, Trilhos e Manacás: as cores da memória, baseado em sua própria pesquisa de campo sobre a região do ABC Paulista.

Patrimônio cultural na atualidade: entre disputas e direitos

Período 2 de agosto a 6 de setembro de 2023, às quartas-feiras, das 18h30 às 21h

Local CPC-USP/Casa de Dona Yayá

Endereço Rua Major Diogo, 353 – Bela Vista – São Paulo

ATIVIDADE PRESENCIAL

inscrições

Inscrições gratuitas no site  USP Digital Sistema Apolo, de 12 a 26 de julho de 2023. São oferecidas 30 vagas. Os selecionados serão comunicados exclusivamente via e-mail oportunamente e deverão confirmar sua participação.

Formulário em: https://uspdigital.usp.br/apolo/apoObterAtividade?cod_oferecimentoatv=114106

CURSO DE DIFUSÃO Turismo e patrimônio cultural de “quebradas” e resistências na cidade de São Paulo

A relação entre turismo, coletivos culturais e movimentos sociais tem chamado a atenção nos últimos anos, conquanto estudos sobre as conexões destes temas ainda sejam incipientes. Ações coletivas com pautas de moradia, educação, saúde, creche, cultura, lazer, contra a carestia já possuem extensa bibliografia. Este curso pretende discutir especificamente sobre coletivos que têm trabalhado em prol da memória, patrimônio cultural e referências culturais de seus territórios. Estes são os fios que nos levam a tentar entender por que e como muitos coletivos culturais têm acionado o turismo, para além de um instrumento de desenvolvimento local, como também por uma miríade de possibilidades em suas práticas, possibilitando reflexões teóricas e práticas tanto da área do turismo como também do patrimônio cultural. Veremos especialmente a experiência da Agencia de Turismo Queixadas no bairro de Perus e as atividades desenvolvidas pelo Grupo Ururay no bairro da Penha e na Zona Leste de São Paulo e as experiências nos territórios.

ministrante

Paulo Tácio Aires Ferreira: graduado em Turismo pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (2006) com especialização em Formação de Professores pela mesma instituição (2012). Mestre pelo programa Mudança Social e Participação Política na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. É Agente Cultural na Secretaria de Cultura da Prefeitura de Santo André/SP, onde participou do Plano Diretor de Turismo do município e ações culturais relacionadas ao patrimônio cultural na Vila de Paranapiacaba. Atualmente trabalha na Gerência de Documentação e Preservação Cultural do Museu de Santo André, onde tem desenvolvido trabalhos com o educativo do museu. Experiência com questões e conflitos de patrimônio ambiental e cultural, protagonismo comunitário e gestão pública, ações e eventos culturais. Doutorando em Turismo pelo Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade de São Paulo. Nasceu e cresceu nas periferias da Zona Leste de São Paulo e é militante de movimentos culturais.

datas e horários
Quartas-feiras à tarde, entre 5 e 26 de julho de 2023, com duas aulas externas aos sábados, pela manhã

carga horária
20h

programa

5/7 aula 1, 14h18h Turismo, patrimônio cultural e coletivos culturais da cidade de São Paulo: aproximações do tema
12/7 aula 2, 14h-16h A experiência da Agência Queixadas, Perus/São Paulo
15/7 saída, 9h-13h Visita técnica ao bairro de Perus
19/7 aula 3, 14h- 16h A experiência do Grupo Ururay, Penha/ São Paulo
22/7 saída, 9h-13h Visita técnica ao bairro da Penha
26/7 aula 4, 14h-18h Discussão final, partilhas e fechamento com os coletivos

público-alvo
Estudantes de graduação e pós-graduação, trabalhadores do serviço público (planejamento de turismo, cultura e urbanismo), bem como interessados em ações com bens culturais de uma forma geral.

local
Casa de Dona Yayá
Rua Major Diogo, 353, São Paulo, SP

atividade presencial gratuita

inscrições e seleção

Sâo oferecidas 40 vagas. Inscrições gratuitas no site  USP Digital Sistema Apolo, de 12 a 26 de junho de 2023. O preenchimento do formulário a ser enviado após a inscrição é obrigatório. A seleção dos candidatos será feita por ordem de inscrição, dando prioridade para pessoas negras, indígenas, LGBTQIAPN+ e gênero (mulheres e trans). Os selecionados serão comunicados exclusivamente via e-mail oportunamente e deverão confirmar sua participação.

CURSO DE DIFUSÃO Um primeiro roteiro audiovisual: memórias de vida / histórias da família

“Como sujeito, toda pessoa tem o direito de definir sua própria realidade, estabelecer sua própria identidade, dar nome a sua própria história” Bell Hooks

O audiovisual estabelece ao longo do século XX uma forma hegemônica de comunicação de massas que se desdobra, em nossa contemporaneidade, pelas redes sociais do mundo digital. Sem nos darmos conta possuímos um certo grau de alfabetização em relação à linguagem audiovisual, que no entanto foi desenvolvida através de décadas de experimentos e produção. Apropriar-se desta linguagem é, a um só tempo, um investimento em nossa autonomia produtiva e uma necessidade para nossa capacidade de análise de discursos em tempos de comunicações tão perigosas. Por outro lado o curso busca trabalhar com seus participantes a valorização das trajetórias pessoais e de suas famílias, buscando um entendimento de como a história dos lugares também são constituídas por nossa presença e participação.

Objetivos

Perceber o quanto nossas trajetórias familiares se relacionam com períodos históricos e
fenômenos sociais importantes, fazendo parte da memória da cidade e do país, e assim,
participando em diversos sentidos de nosso patrimônio material e imaterial. Sensibilizar o público para o entendimento do audiovisual como linguagem, com suas especificidades e potencialidades. Desenvolver roteiros de curtas-metragens ao longo dos encontros. Oferecer atividade gratuita de compartilhamento de conhecimentos e experiências, mediante inscrição e com certificação de conclusão.

Programa

Percepção da construção da identidade individual e social; Primórdios do cinema: a imagem como revelação do mundo; Representações construídas pelo outro e por si mesmo; O específico cinematográfico – montagem; O desenvolvimento da linguagem; Articulações, semiótica e síntese; Entendimento dos filmes como discursos; As especificidades do texto do roteiro; As etapas de elaboração: argumento, escaleta e roteiro; Restrições criativas para elaboração de sistemas narrativos; Elaboração de argumentos; Os diversos tratamentos em escaleta; A escrita do roteiro.

Metodologias de ensino-aprendizagem
Cada encontro será dividido em dois momentos de cerca de 1:30h cada.
Em uma primeira etapa do encontro será sempre dedicada à linguagem: primeiro refletiremos sobre a história do cinema, a formação invisível pela qual passamos para decodificá-lo como uma linguagem, suas articulações e potencialidades; depois esta etapa também servirá para entendermos como certas estruturas narrativas, a princípio entendidas como restrições, podem criar condições para a criatividade se desenvolver através de narrativas originais; este momento do encontro igualmente servirá para o entendimento de uma progressão comumente adotada no processo da escrita do roteiro, a divisão em argumento, escaleta e os diversos tratamentos do roteiro com suas especificidades. Na segunda etapa de cada encontro teremos uma conversa sobre as trajetórias dos participantes do curso. A partir do entendimento da importância da construção da identidade individual e social, manteremos um diálogo aberto sobre suas histórias de vida e a de seus familiares, procurando relacioná-las com momentos históricos, fluxos migratórios, contextos políticos, quebras ou continuidades culturais e outros aspectos que tornam nossa existência significativa dentro de uma percepção da história e do local onde vivemos. Este diálogo terá grande contribuição de todos os participantes, que trarão, através de suas formações específicas, entendimentos diversos sobre os
relatos. Ao longo do curso esta etapa do encontro passará a se voltar para o debate sobre os roteiros, que serão desenvolvidos a partir de três argumentos selecionados por todos os
participantes, mantendo a autoria do proponente mas com a colaboração coletiva dos demais participantes do curso.

Critérios de avaliação e aprovação
A assiduidade e contribuição nos debates e no desenvolvimento dos roteiros serão avaliados e servirão como critério para aprovação.

Bibliografia
BERNARDET, Jean-Claude. Brasil em tempo de cinema : ensaio sobre o cinema brasileiro de 1958 a 1966. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Brasiliense, 1985.
BONITZER, Pascal; CARRIÈRE, Jean-Calude. Prática do roteiro cinematografico. São Paulo: JSN, 1996.
CARRIÈRE, Jean-Claude. A linguagem secreta do cinema. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
CHION, Michel. O roteiro de cinema. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
HALBWACHS, Maurice: a memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.
POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, 1992.
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n.3, 1989.
XAVIER, Ismail. O discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

Curso de Difusão Um primeiro roteiro audiovisual: memórias de vida / histórias da família

Maio e junho de 2023, às quartas-feiras,
Datas: 3/5, 10/5, 17/5, 24/5, 31/5, 7/6
Horário: 18h às 21h Duração: 18 horas (6 encontros presenciais de 3 horas cada) 30 vagas

Público alvo: estudantes, moradores do bairro Bela Vista, funcionários da USP e pesquisadores, de 16 a 80 anos, com qualquer escolaridade.

Ministrante: Eduardo Kishimoto
Formado em Cinema e Vídeo pela ECA-USP (1999). Roteirizou, dirigiu e montou os telefilmes “Exilados” (média-metragem, ficção, 52 min., 4k, 2014, produtora Doc e Outras
Coisas, Edital de Telefilmes da TV Cultura e Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo), “Noites com Lua” (média documental, 54 min., Mini-dv/Betacam, 2004, TV USP), “A Separação” (média documental, 40 min., Betacam, 2001, TV USP); as séries para tv “Axogun” (série ficcional de 5 episódios de 26 minutos cada, 4k, 2016, produtora
Aurora Filmes, Edital Prodav 11/2014 do Fundo Setorial do Audiovisual) e “Sobre a Congada de Ilhabela” (7 documentários, 26 min. cada, DVCam, TV USP, 2004-2010); os curtas “Memórias Externas de uma Mulher Serrilhada” (curta, ficção, 15min., 35mm dolby
digital, Bola Oito Produções, Edital de curtas do Programa Fomento ao Cinema Paulista 2011), “O Cozinheiro Negro” (curta-criança, ficção, 15 min., HDCam, MINC/SAV/TVBrasil 2010), “As Verdades Temporárias” (curta de ficção, 15 min., 35mm dolby digital, 2010, Cinegrama Filmes), “A Psicose de Valter” (curta experimental, 15 min., 35mm dolby digital, 2007, Programa Petrobrás Cultural 2006). Dirigiu “Terminal Pirituba” (média documental, 26 min., HDV, Projeto História dos Bairros da Prefeitura Municipal de São Paulo 2006).
Como montador, participou, entre outros, de: “O Galante Rei da Boca” (média documental, de Luís Rocha e Alessandro Gamo, Mini-dv/Betacam, 2004, CPC-UMES), “Cemitério São Luiz” (curta documental, de Ana Paul, DVCam, 2004, Programa Petrobrás Digital), “GOD.O.TV” (curta ficcional, de Carlos Dowling, 16mm, 2002, Projeto Sal Grosso I), “O Catedrático do Samba” (curta documental, de Alessandro Gamo e Noel Carvalho, 16mm, 2001, UNICAMP/CPC-UMES), “Sem Saída” (curta ficcional, de Joana Mariz, 16mm, 1998, ECA-USP). Recebeu os prêmios de: melhor curta-metragem pelo Júri Oficial da Mostra Brasil da 12o Goiânia Mostra Curtas; melhor montagem da Mostra Competitiva Nacional pelo Júri Oficial do 19o Festival de Vitória – Vitória Cine Vídeo; melhor direção e melhor atriz principal (Georgina de Castro) no VIII Festival Latino-Americano de Cinema Curta Metragem de Canoa Quebrada; melhor trilha sonora (Michelle Agnes) pelo Júri Oficial do 6o Festival Cine Música de Conservatória, RJ (todos estes por “Memórias Externas de uma Mulher Serrilhada”); Melhor Curta Infantil no 3o FAMINAS por “O Cozinheiro Negro”; Melhor Curta no I IGUACINE, Melhor Montagem no Janela Internacional de Cinema (PE), 3o Lugar no Curta Votorantim, Menção Honrosa no 7o Santa Maria Cine e Vídeo (por “A Psicose de Valter”); Melhor Som Direto no 7o Festival de Cinema de Maringá (por “As
Verdades Temporárias”); Melhor Montagem no Festival de Cinema Universitário 2001 (por “O Catedrático do Samba”). Foi organizador e curador de três mostras de cinema em São Paulo: “Semana do Curta Brasileiro” (Anfiteatro da Fac. de História FFLCH-USP, 1996), “Fotógrafos do Cinema Brasileiro: Mário Carneiro” (Cinusp Paulo Emílio USP, 1999) e “História do Cinema Paulista” (Centro Cultural São Paulo, 1999). Ministrou quatro cursos de audiovisual: “Produção de documentário em Vídeo Digital” e “Produção em vídeo digital II” (ambos pelo Projeto Cinema e Vídeo Brasileiro nas Escolas, de 2003-2004, Ação Educativa), “Edição pelo Software Final Cut Pro” (LEI/FFLCH USP – Laboratório de
Estudos sobre a Intolerância, em 2007) e “Oficina de formatação de projetos” (Diversitas/FFLCH USP – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos, 2016). Foi coordenador técnico responsável pela pesquisa e determinação dos equipamentos de câmera, som e edição adquiridos para o curso recém-criado de Cinema na UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia”, 2008, e para o Laboratório de Estudos sobre a Intolerância (LEI-USP), 2006. Trabalhou na TV USP, produzindo e dirigindo documentários e o programa televisivo mensal “Traquitana”, que exibia curtas e médias (de 2004 a 2014) e designado como Diretor Técnico do Serviço de Produção de Vídeos e Documentários (2001 a 2008).

Serviço

Local de realização: Casa de Dona Yayá
Rua Major Diogo, 353 – Bela Vista, São Paulo – SP cep 01324-001
Número de vagas: 30


Inscrições gratuitas: https://uspdigital.usp.br/apolo/apoObterCurso?cod_curso=10400355&cod_edicao=23001&numseqofeedi=1
Critérios de seleção: análise de carta de intenção
Prazo para inscrição: de 20 de março a 9 de abril de 2023
Divulgação dos selecionados: 20 de abril de 2023





CURSO Introdução à extroversão do patrimônio cultural

Curso de Introdução à extroversão do patrimônio cultural

Os processos de patrimonialização dos bens culturais costumam ser divididos em três instâncias, as quais caracterizam um tripé de ação patrimonial análogo aos processos museológicos definidos pelas ações de pesquisa, de preservação e de comunicação. Duas dessas instâncias (a de pesquisa/identificação e a de preservação de bens culturais) são amplamente conhecidas, estudadas e praticadas. Para elas há inúmeros marcos normativos e estudos acadêmicos, bem como um acúmulo de experiências e reflexões sistematizado nas famosas cartas patrimoniais.

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