Patrimoniar #07. Andréa Tourinho. Patrimônio, planejamento e planos diretores

Sobre um fundo amarelo constam as seguintes informações:

Patrimoniar #07. Andréa Tourinho. Patrimônio, planejamento e planos diretores

A definição e implementação de políticas públicas constitui uma das dimensões mais importantes do campo do patrimônio cultural: é por meio delas que instrumentos de identificação, preservação e valorização dos bens culturais manifestam-se publicamente e ganham alcance social, sobretudo no ambiente urbano. Neste sentido, é pauta recorrente na trajetória de debates e estudos sobre as políticas públicas de patrimônio a da integração deste campo com o do planejamento urbano. Com efeito, desde meados dos anos 1960 que esta pauta aparece e reaparece nas discussões patrimoniais. São várias as questões ligadas a este debate: em que medida o patrimônio cultural deve aparecer nos planos diretores das cidades? Quais os limites e as potencialidades dos instrumentos urbanísticos na salvaguarda do patrimônio? O progresso da cidade é um entrave à preservação do patrimônio e vice-versa?

Neste momento a cidade de São Paulo discute a revisão de seu Plano Diretor Estratégico. Esta proposta de revisão, contudo, tem sido criticada por diversos pesquisadores, profissionais, ativistas e militantes ligados à academia e aos movimentos sociais em função de ameaças às referências culturais e às marcas da memória social presentes em um território que pode sofrer alterações materiais profundas. Para discutir estes e outros assuntos afins conversamos nesta edição do Patrimoniar com a arquiteta urbanista e professora Andréa Tourinho, pesquisadora e profissional com ampla experiência na interface entre patrimônio cultural e planejamento urbano.

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Patrimoniar #06. Museus e acervos na universidade

Sobre um fundo amarelo, constam as inscrições:

Patrimoniar #06. Museus e acervos na universidade

Carla Gibertoni Carneiro, Cibele Monteiro da Silva, Flávia Andréa Machado Urzua e Mauricio Candido da Silva.

Há um ditado que corre o mundo dos museus e acervos: “Todas as grandes universidades possuem grandes museus.”

De fato, são inúmeros os casos de universidades de renome internacional que abrigam redes relevantes de museus e outras coleções acadêmicas. A Universidade de São Paulo não foge à regra: além de reunir quatro grandes museus inscritos em seu estatuto ― Museu Paulista (MP), Museu de Zoologia (MZ), Museu de Arqueologia e Etnologia e Museu (MAE) e Museu de Arte Contemporânea (MAC) ― há inúmeros outros pequenos museus ligados às unidades universitárias bem como coleções ligadas a departamentos, laboratórios e outras estruturas de ensino, pesquisa e extensão universitária. De fato, esse rico conjunto de coleções atravessa a história da universidade, constituindo-se de um gigantesco e fascinante rol de documentos, artefatos, obras de arte e outros objetos das mais variadas naturezas e suportes.

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Patrimoniar #05. Welita Caetano: Movimentos de moradia e o bairro do Bexiga

Patrimoniar #05. Welita Caetano: Movimentos de moradia e o bairro do Bexiga

As áreas centrais de São Paulo são marcadas pela presença de uma série de edifícios que, por permanecerem ociosos por longos períodos, descumprem a função social da propriedade privada prevista pela Constituição Federal. Ao mesmo tempo, por outro lado, o avanço do mercado imobiliário nessas áreas têm levado à demolição de antigos edifícios e à expulsão de populações de baixa renda, o que resulta em alterações significativas ao patrimônio cultural espalhado pela cidade. Os movimentos de moradia que atuam nas áreas centrais têm promovido papel fundamental tanto na defesa da função social da propriedade, ocupando imóveis vazios, quanto na resistência aos processos de expulsão de populações vulneráveis.

Neste programa conversamos com Welita Caetano, cientista do trabalho e liderança da Frente de Luta por Moradia (FLM). Ao longo da conversa abordamos as práticas e manifestações culturais e políticas dos movimentos de moradia, sua memória e os impactos de projetos recentes na memória e na identidade do bairro do Bexiga.

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CURSO Introdução à extroversão do patrimônio cultural

Curso de Introdução à extroversão do patrimônio cultural

Os processos de patrimonialização dos bens culturais costumam ser divididos em três instâncias, as quais caracterizam um tripé de ação patrimonial análogo aos processos museológicos definidos pelas ações de pesquisa, de preservação e de comunicação. Duas dessas instâncias (a de pesquisa/identificação e a de preservação de bens culturais) são amplamente conhecidas, estudadas e praticadas. Para elas há inúmeros marcos normativos e estudos acadêmicos, bem como um acúmulo de experiências e reflexões sistematizado nas famosas cartas patrimoniais.

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Patrimoniar #04. Claudia Alexandre: Vai-vai, o samba e o candomblé

Patrimoniar #04

O carnaval é o momento do ano em que o samba é tornado um espetáculo exibido pela televisão e acompanhado por milhões de pessoas. Contudo, como manifestação e referência cultural de diversos grupos sociais, o samba, o carnaval e todas as práticas associadas a este importante bem cultural são caracterizados por inúmeras camadas de significado, ação e memória — e apenas a superfície dessas camadas é devidamente capturada durante a sua espetacularização televisiva. São muitas as conexões entre o samba e o carnaval e a ancestralidade, a religiosidade e a memória negra: muitos dos signos ligados a essas conexões permanecem invisíveis ou ignorados. O samba, o carnaval e a religiosidade de matriz africana foram alvo de inúmeros processos violentos de repressão e silenciamento ao longo de sua existência, tornando sua prática hoje uma forma de reafirmação da resistência — contudo, processos de repressão e silenciamento continuam operando nos dias atuais, como aqueles que levaram ao despejo da escola de samba Vai-Vai de sua sede no bairro do Bexiga, em São Paulo.

Nesta edição do Patrimoniar conversamos com Claudia Alexandre a respeito de suas pesquisas no campo da ciência da religião sobre o samba, o carnaval, o candomblé e a escola de samba Vai-Vai.

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Patrimoniar #03. Alberto Luiz dos Santos e Rodrigo Accioli Almeida: futebol e patrimônio cultural

Patrimoniar #03. Alberto Luiz dos Santos e Rodrigo Accioli Almeida: futebol e patrimônio cultural

Mais do que uma modalidade esportiva, o futebol se constitui no Brasil de uma prática cultural popular que mobiliza afetos, memórias, identidades e lugares. Dos grandes estádios aos campos de várzea, das peladas nas ruas aos espetáculos comerciais, ao redor do futebol orbitam diversas formas de rituais, performances e disputas — as quais se espalham pelo espaço urbano transcendendo em muito os espaços estritamente dedicados à prática esportiva.

No contexto de mais uma Copa do Mundo, o CPC pauta o futebol como patrimônio cultural em uma conversa com os geógrafos e pesquisadores Alberto Luiz dos Santos e Rodrigo Accioly Almeida, autores de pesquisas recentemente defendidas na Universidade de São Paulo a respeito de distintas facetas dessa prática que tanto diz sobre a ação, identidade e memória de parcelas significativas da população brasileira.

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Conversa com pesquisadores. Bexiga: patrimônio e cidade

A região da cidade conhecida como Bexiga — ou Bixiga, a depender do interlocutor — é caracterizada pelo acúmulo simultâneo de muitas realidades: são vários os grupos sociais que ocupam o bairro, bem como são múltiplas as identidades e as manifestações culturais. Território associado à presença e à memória negra, italiana e nordestina na cidade (entre muitos outros grupos que habitam o lugar), o dia-a-dia do Bexiga é marcado por uma rica interação entre muitas práticas culturais e por um uso intenso das ruas. São também muitas as disputas em torno dos significados, narrativas e representações do bairro.

Reunindo uma parcela significativa dos bens culturais oficialmente reconhecidos na cidade de São Paulo — cerca de um terço dos imóveis tombados pelo município encontram-se no Bexiga —, celebramos em dezembro os vinte anos do tombamento do bairro pela resolução 22 de 2002 do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do Município de São Paulo.

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Patrimoniar #02. Gisele Brito: memória negra no Bexiga

Patrimoniar #02. Gisele Brito: memória negra no Bexiga

Intervenções e empreendimentos recentes na região do Bexiga, na área central de São Paulo, vêm levantando discussões a respeito da preservação do bairro e dos elementos ligados à memória dos grupos que tradicionalmente o ocupam. Bairro centenário, o Bexiga é usualmente associado à herança da imigração italiana. Contudo, trata-se de um bairro polifônico e caracterizado por inúmeras manifestações culturais e de memória. Uma delas, em particular, se destaca: trata-se da presença e da memória negra na região, onde havia pelo menos desde o século 19 um quilombo urbano. A implementação de uma nova linha de metrô na cidade, cortando o Bexiga, foi catalisadora de uma mobilização pelo reconhecimento e valorização da memória negra no Bexiga, bem como pela salvaguarda do direito à permanência da população negra e de baixa renda no bairro. Entre os vários efeitos dessas recentes intervenções urbanas assistimos, particularmente, à demolição do conjunto de edificações ligadas à Escola de Samba Vai-Vai, cuja história se confunde com a do Bexiga.

Neste programa conversamos sobre esse e outros assuntos ligados à pauta do direito à cidade antirracista com Gisele Brito, jornalista, ativista e mestre em Arquitetura e Urbanismo. Gisele atua no Instituto de Referência Negra Peregum e na articulação Saracura/Vai-Vai.

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Patrimoniar #01. João Demarchi: O Projeto Interação e a educação patrimonial

Patrimoniar #01. João Demarchi: O Projeto Interação e a educação patrimonial

Nos anos 1980 o governo federal promoveu um interessante projeto de articulação entre os mundos da educação e da cultura, em uma iniciativa que envolveu profissionais ligados à educação popular, à antropologia, à gestão cultural, entre outros: trata-se do Projeto Interação. Hoje, tal iniciativa é vista como uma ação pioneira de uma educação patrimonial entendida em uma perspectiva crítica, progressista e popular.  Tal é a sua importância que se transformou em referência para ações educativas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan). São muitos os mitos e dúvidas a respeito do Projeto Interação, dado que se trata de episódio pouco estudado. Para sanar algumas dessas dúvidas e problematizar o projeto, conversamos nessa primeira edição do Patrimoniar com João Demarchi, autor de  uma dissertação de mestrado em que estudou o projeto Interação.

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Observação: este primeiro programa foi gravado de nossas casas ainda em tempos de pandemia, motivo pelo qual há eventuais referências ao isolamento social e ao ano de 2020.

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