Na última semana de julho acontece no Centro de Preservação Cultural – Casa de Dona Yayá a oficina intensiva Vai-Vai fica: possibilidades para a quadra do Vai-Vai no Bixiga. Iniciativa em parceria do CPC com a escola de samba Vai-Vai e com o coletivo Malungo, a oficina pretende reunir pessoas interessadas em pensar de forma colaborativa possibilidades, estudos e projetos para a ocupação de espaços do bairro pelo Vai-Vai.
Continue reading “Oficina Vai-Vai fica: possibilidades para a quadra do Vai-Vai no Bixiga”2º Seminário Bixiga: Território cultural
O bairro paulistano conhecido como “Bexiga”, localizado no distrito da Bela Vista, no Centro de São Paulo, é tradicionalmente apontado como palco de múltiplas manifestações culturais e lugar de vida de pessoas das mais variadas origens. Território usualmente tido como boêmio e associado ao samba, ao teatro, à gastronomia e à presença de povos de muitas origens (italianos, negros, nordestinos, entre outros), o Bexiga pode passar, à primeira vista, a impressão de se constituir de um território cosmopolita desprovido de conflitos, contradições e violências, ainda que reconhecido como heterogêneo e multifacetado.
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Embora o bairro do Bexiga seja tradicionalmente apontado como uma região multicultural e plural, a associação entre a região e sua memória italiana costuma se destacar em relação às suas demais representações. Embora trate-se de fato de um importante território da imigração italiana em São Paulo, o Bexiga está longe de se caracterizar apenas como um “bairro italiano”: foi nesta região, lembremos, que se desenvolveu um importante quilombo urbano em São Paulo, tornando-a também importante território negro da cidade.
Outros grupos, contudo, também ocupam o bairro, desenvolvem nele suas manifestações culturais e lhe dão vida — ainda que suas presenças sejam alvo de processos de apagamento ou marginalização por parte das demais representações do bairro. Nesta edição do Patrimoninar nós conversamos com Fernanda Vargas a respeito do Bexiga nordestino. Fernanda é cineasta e gestora cultural e é autora de dissertação de mestrado sobre a presença nordestina no Bexiga e co-diretora, junto de Daniel Fagundes, do documentário Oxente, Bixiga!, a respeito do mesmo tema.
Continue reading “Patrimoniar #09. Fernanda Vargas: o Bexiga nordestino”Patrimoniar #05. Welita Caetano: Movimentos de moradia e o bairro do Bexiga
As áreas centrais de São Paulo são marcadas pela presença de uma série de edifícios que, por permanecerem ociosos por longos períodos, descumprem a função social da propriedade privada prevista pela Constituição Federal. Ao mesmo tempo, por outro lado, o avanço do mercado imobiliário nessas áreas têm levado à demolição de antigos edifícios e à expulsão de populações de baixa renda, o que resulta em alterações significativas ao patrimônio cultural espalhado pela cidade. Os movimentos de moradia que atuam nas áreas centrais têm promovido papel fundamental tanto na defesa da função social da propriedade, ocupando imóveis vazios, quanto na resistência aos processos de expulsão de populações vulneráveis.
Neste programa conversamos com Welita Caetano, cientista do trabalho e liderança da Frente de Luta por Moradia (FLM). Ao longo da conversa abordamos as práticas e manifestações culturais e políticas dos movimentos de moradia, sua memória e os impactos de projetos recentes na memória e na identidade do bairro do Bexiga.
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O carnaval é o momento do ano em que o samba é tornado um espetáculo exibido pela televisão e acompanhado por milhões de pessoas. Contudo, como manifestação e referência cultural de diversos grupos sociais, o samba, o carnaval e todas as práticas associadas a este importante bem cultural são caracterizados por inúmeras camadas de significado, ação e memória — e apenas a superfície dessas camadas é devidamente capturada durante a sua espetacularização televisiva. São muitas as conexões entre o samba e o carnaval e a ancestralidade, a religiosidade e a memória negra: muitos dos signos ligados a essas conexões permanecem invisíveis ou ignorados. O samba, o carnaval e a religiosidade de matriz africana foram alvo de inúmeros processos violentos de repressão e silenciamento ao longo de sua existência, tornando sua prática hoje uma forma de reafirmação da resistência — contudo, processos de repressão e silenciamento continuam operando nos dias atuais, como aqueles que levaram ao despejo da escola de samba Vai-Vai de sua sede no bairro do Bexiga, em São Paulo.
Nesta edição do Patrimoniar conversamos com Claudia Alexandre a respeito de suas pesquisas no campo da ciência da religião sobre o samba, o carnaval, o candomblé e a escola de samba Vai-Vai.
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A região da cidade conhecida como Bexiga — ou Bixiga, a depender do interlocutor — é caracterizada pelo acúmulo simultâneo de muitas realidades: são vários os grupos sociais que ocupam o bairro, bem como são múltiplas as identidades e as manifestações culturais. Território associado à presença e à memória negra, italiana e nordestina na cidade (entre muitos outros grupos que habitam o lugar), o dia-a-dia do Bexiga é marcado por uma rica interação entre muitas práticas culturais e por um uso intenso das ruas. São também muitas as disputas em torno dos significados, narrativas e representações do bairro.
Reunindo uma parcela significativa dos bens culturais oficialmente reconhecidos na cidade de São Paulo — cerca de um terço dos imóveis tombados pelo município encontram-se no Bexiga —, celebramos em dezembro os vinte anos do tombamento do bairro pela resolução 22 de 2002 do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do Município de São Paulo.
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Intervenções e empreendimentos recentes na região do Bexiga, na área central de São Paulo, vêm levantando discussões a respeito da preservação do bairro e dos elementos ligados à memória dos grupos que tradicionalmente o ocupam. Bairro centenário, o Bexiga é usualmente associado à herança da imigração italiana. Contudo, trata-se de um bairro polifônico e caracterizado por inúmeras manifestações culturais e de memória. Uma delas, em particular, se destaca: trata-se da presença e da memória negra na região, onde havia pelo menos desde o século 19 um quilombo urbano. A implementação de uma nova linha de metrô na cidade, cortando o Bexiga, foi catalisadora de uma mobilização pelo reconhecimento e valorização da memória negra no Bexiga, bem como pela salvaguarda do direito à permanência da população negra e de baixa renda no bairro. Entre os vários efeitos dessas recentes intervenções urbanas assistimos, particularmente, à demolição do conjunto de edificações ligadas à Escola de Samba Vai-Vai, cuja história se confunde com a do Bexiga.
Neste programa conversamos sobre esse e outros assuntos ligados à pauta do direito à cidade antirracista com Gisele Brito, jornalista, ativista e mestre em Arquitetura e Urbanismo. Gisele atua no Instituto de Referência Negra Peregum e na articulação Saracura/Vai-Vai.
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