Introdução à extroversão do Patrimônio Cultural

Curso de difusão

Os processos de patrimonialização dos bens culturais costumam ser divididos em três instâncias, as quais caracterizam um tripé de ação patrimonial análogo aos processos museológicos definidos pelas ações de pesquisa, de preservação e de comunicação. Duas dessas instâncias (a de pesquisa/identificação e a de preservação de bens culturais) são amplamente conhecidas, estudadas e praticadas. Para elas há inúmeros marcos normativos e estudos acadêmicos, bem como um acúmulo de experiências e reflexões sistematizado nas famosas cartas patrimoniais.

A terceira instância deste tripé, contudo, permanece ainda carente de maior atenção por parte de profissionais, instituições e ações de patrimonialização. Há, inclusive, certa dificuldade no interior do campo de melhor definir tal instância: tratam-se de ações de difusão, de valorização, de comunicação? Eventualmente adotou-se no mundo anglófono e importou-se para cá a expressão “interpretação”, mas talvez ela seja problemática. Eventualmente também se confundem ações de difusão de bens culturais com ações mais amplas de educação patrimonial — este, contudo, se constitui de um campo que transcende a mera esfera da difusão dos bens e atravessa também as ações de pesquisa e preservação.

Neste curso pretendemos abordar panoramicamente os problemas relacionados a esta terceira instância do patrimônio cultural de definição ainda confusa. Apesar de sua marginalidade nos órgãos de preservação, trata-se de um campo que tem testemunhado avanços relevantes nas práticas patrimoniais recentes, levando-se em conta a multiplicação de experiências e atividades como o turismo social, as jornadas do patrimônio, a presença da pauta patrimonial em redes sociais, entre outros fenômenos semelhantes.

Discutiremos as várias definições associadas à palavras usualmente utilizadas para nos referirmos a esta terceira instância (interpretação, comunicação, difusão, educação, etc), bem como trabalharemos com seus problemas, limites e potencialidades. Avaliaremos atividades tradicionalmente ligadas à extroversão do patrimônio (como a organização de exposições, as várias práticas deambulatórias associadas a roteiros e itinerários, a produção de publicações, inserções em redes sociais, etc) bem como sua interface com a educação patrimonial.

Programa

19/8. Extroversão, educação, interpretação, comunicação?

21/8. Interpretação e saber de experiência

24/8. Aula externa

26/8. Educação patrimonial no Brasil e a trajetória do CPC

26/4. Fechamento do curso e apresentação dos exercícios dos participantes

SERVIÇO

Datas e horários

19 a 26 de agosto de 2024, segundas e quartas-feiras, das 19h às 21h30. Aula externa no sábado, dia 24/8, das 9h30 às 12h.

Carga horária

12,5h

Público-alvo

Profissionais, pesquisadores e ativistas do campo patrimonial, bem como interessados em ações com bens culturais de uma forma geral.

Local
Casa de Dona Yayá
Rua Major Diogo, 353, São Paulo, SP

Curso presencial

Atividade gratuita
30 vagas

Inscrições

Interessados devem se inscrever pelo sistema Apolo: https://e.usp.br/qu3
A seleção será feita por meio de carta de intenção apresentada no momento da inscrição.

AEX Roteiros do patrimônio da USP: chamada para estudantes de graduação

Estudantes de graduação da Universidade de São Paulo estão convidados a participar da AEX — Roteiros do patrimônio da USP, que ocorrerá articulada ao 3º Seminário Patrimônio Cultural Universitário. Na atividade os estudantes serão responsáveis pelo oferecimento de itinerários interpretativos dos bens culturais presentes na USP, bem como irão compor a equipe de apoio para a realização do Seminário.

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Patrimoniar #15. Felipe Hoffman: museus de democracia e justiça de transição

Patrimoniar #15. Felipe Hoffman: museus de democracia e justiça de transição

Iniciativas de memorialização e musealização de lugares, registros, referências e testemunhos de dinâmicas de repressão e de resistência associadas a regimes de exceção são alguns dos resultados recorrentes dos chamados processos de justiça de transição. Tais processos pautam a busca pela memória, verdade, justiça e reparação de graves violações de direitos humanos ocorridas em episódios autoritários e traumáticos da história recente de distintos povos e nações. São célebres os processos de justiça de transição ocorridos após eventos violentos e traumáticos, como o Holocausto na Alemanha, o Apartheid na África do Sul e as ditaduras civil-militares que tiveram lugar, por exemplo, em vários dos países latino-americanos ao longo do século 20.

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Oficina Vai-Vai fica: possibilidades para a quadra do Vai-Vai no Bixiga

Oficina Vai-Vai fica: possibilidades para a quadra do Vai-Vai no Bixiga

Na última semana de julho acontece no Centro de Preservação Cultural – Casa de Dona Yayá a oficina intensiva Vai-Vai fica: possibilidades para a quadra do Vai-Vai no Bixiga. Iniciativa em parceria do CPC com a escola de samba Vai-Vai e com o coletivo Malungo, a oficina pretende reunir pessoas interessadas em pensar de forma colaborativa possibilidades, estudos e projetos para a ocupação de espaços do bairro pelo Vai-Vai.

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3º Seminário Patrimônio cultural universitário

O Centro de Preservação Cultural – Casa de Dona Yayá, órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, promove entre os dias 3 e 6 de setembro de 2024 o 3º Seminário Patrimônio Cultural Universitário. Com a intenção de debater questões ligadas à gestão, pesquisa, preservação, interpretação e valorização dos bens culturais próprios da vida e da experiência universitária, o CPC busca com este evento reunir pesquisadores, estudantes, profissionais e demais interessados no tema.

Com apoio da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento e da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, o evento é organizado em torno de conferências, mesas de debate e sessões de comunicação, nas quais serão discutidas e apresentadas as várias facetas das referências culturais universitárias, abarcando edificações, monumentos, acervos, celebrações, lugares, formas de expressão, celebrações, paisagens e naturezas vividas nas universidades.

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Antirracismo e contracolonialidade na São Paulo contemporânea

O Centro de Preservação Cultural da USP anuncia o primeiro curso de difusão do segundo semestre de 2024: Antirracismo e contracolonialidade na São Paulo contemporânea, ministrado por Abílio Ferreira.

Visando jogar luz sobre a relação entre o campo de disputas do patrimônio e da memória e o binômio racismo-colonialidade, o curso tem como método situar as pessoas participantes sobre a atual intensificação das agendas indígena e negra nessa dinâmica, oferecendo subsídios para uma interpretação adequada do fenômeno.

30 vagas
Local: Centro de Preservação Cultural da USP/Casa de Dona Yayá
De 2 a 30 de julho de 2024, às terças-feiras, das 09h às 13h 

Inscrições gratuitas até 17/06/2024 (link na bio)

Programa

Serão quatro aulas (uma por semana) de quatro horas de duração cada uma, com a seguinte temática:

Aula 1: Tebas e Luiz Gama – 02/07, das 09h às 13h

Aula 2: O bairro da Liberdade – 16/07, das 9h às 13h

Aula 3: Caminhada até a região do Piques – 23/07, das 9h às 13h

Aula 4: Avaliação – 30/07, das 9h às 13h

Inscrições até 17/6: https://uspdigital.usp.br/apolo/apoObterCurso?cod_curso=10400393&cod_edicao=24001&numseqofeedi=1

Curso de difusão “Patrimônio e memórias da violência: formas de reconhecer e agir”

Inscrições abertas para o curso de difusão “Patrimônio e memórias da violência: formas de reconhecer e agir”, com Déborah Neves. Atividade presencial.

Objetivo: conhecer o arcabouço legal do reconhecimento de lugares relacionados às violências; reconhecer desafios institucionais e políticos para preservação destas memórias; conhecer experiências brasileiras e latino-americanas de preservação destes espaços; identificar reificação de violências nos espaços públicos (monumentos, vias públicas, edifícios) e formas de transformação da percepção da cidade; conhecer a metodologia empregada na experiência do coletivo Grupo de Trabalho Memorial Doi-Codi.

Público-alvo: professores, coletivos culturais, pesquisadores e interessados no tema das memórias e na relação entre cidade e patrimônio.

PROGRAMA

AULA 1: o patrimônio ao longo dos séculos e a Legislação acerca de lugares de memória.
DATA: 05/06/2024, 19h às 21h
LOCAL: CPC-USP/Casa de Dona Yayá

AULA 2: experiências de preservação de lugares de memória relacionadas Ditadura (Brasil e América Latina
DATA: 12/06/2024, 19h às 21h
LOCAL: CPC-USP/Casa de Dona Yayá

AULA 3: em conjunto com o IEB-USP, Disciplina IEB-5050-Pós-Graduação em Culturas e Identidades Brasileiras, com Inês Cordeiro Gouveia.
DATA: 19/06/2024, 19h às 21h
LOCAL: IEB-USP

AULA 4: a experiência de preservação da Oban/Doi-Codi de São Paulo.
DATA: 26/06/2024, 19 às 21h
LOCAL: CPC-USP/Casa de Dona Yayá

Visita ao futuro Memorial DOI-Codi
DATA: 22/06/2024, 10 às 12h
LOCAL: atividade externa

Inscrições gratuitas até 25 de maio: https://uspdigital.usp.br/apolo/apoObterCurso?cod_curso=10400412&cod_edicao=24001&numseqofeedi=1

Patrimoniar #14. Jerá Guarani: Terra indígena Tenondé Porã

Patrimoniar #14. Jerá Guarani: Terra indígena Tenondé Porã

O território ocupado atualmente pelos municípios da Região Metropolitana de São Paulo apresenta registros de ocupação muito anteriores à presença dos colonizadores europeus. Para além do mito conciliatório relacionado à fundação da vila de São Paulo, pelo qual teria havido mútua colaboração entre povos indígenas e jesuítas, trata-se de um processo tenso marcado por violências e agressões aos povos originários. Apesar de tudo, ainda se verifica a presença e resistência desses povos em duas terras indígenas oficialmente demarcadas, uma na região noroeste e outra na região sul da capital. Esta última — a Terra Indígena Tenondé Porã — é assunto desta edição do Patrimoniar, na qual conversamos com Jerá Guarani, educadora e ativista indígena do povo guarani mbyá.

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Patrimoniar #13. Lilian Miranda Bezerra e José Hermes Martins Pereira: O mundo dos arquivos

Patrimoniar #13. Lilian Miranda Bezerra e José Hermes Martins Pereira: O mundo dos arquivos

O mundo dos acervos costuma ser dividido em três esferas: o dos acervos bibliográficos, o dos acervos museológicos e os acervos arquivísticos. Entre bibliotecas, museus e arquivos, estes últimos costumam soar aos não iniciados como entidades um tanto herméticas ou insossas: meros repositórios de documentos velhos sem maiores atrativos. Arquivos, contudo, são fundamentais para articular a memória de coletivos e instituições e preservar o conjunto de documentos produzidos ao longo de suas atividades e trajetórias.

Para discutir o mundo dos arquivos — e em particular o universo dos arquivos na Universidade de São Paulo — conversamos nesta edição do Patrimoniar com Lilian Miranda Bezerra e com José Hermes Martins Pereira, historiadores e profissionais atuantes no Arquivo Geral da USP. Ao longo da conversa discutimos o que caracteriza um arquivo, o que um arquivo deve e o que não deve ser, o caráter dos documentos presentes nos arquivos e como lidar com eles, bem como os desafios para sua preservação.

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Chamada de trabalhos para o III Seminário Patrimônio cultural universitário

Chamada de trabalhos. III Seminário Patrimônio Cultural Universitário

Uma miríade de manifestações culturais caracteriza o dia-a-dia da vida universitária: estudantes, docentes, profissionais das universidades e demais frequentadores e entusiastas dos campi universitários constituem grupos sociais detentores de inúmeros bens culturais específicos da experiência universitária. De tradições e práticas de aulas e de laboratórios aos rituais ligados às manifestações esportivas, políticas e artísticas promovidas por tais sujeitos; de saberes cotidianos compartilhados por estudantes em suas táticas de enfrentamento dos desafios do dia-a-dia de aulas e pesquisas aos sóbrios e formais ritos de provimento de títulos acadêmicos; de lugares marcados pela memória de festas e pelo acúmulo de afetos cotidianos aos instrumentos, acervos e edificações próprios da cultura e da prática científica: o patrimônio cultural universitário é heterogêneo, complexo e associado a diferentes indivíduos e grupos constituintes da comunidade acadêmica.

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