“Como sujeito, toda pessoa tem o direito de definir sua própria realidade, estabelecer sua própria identidade, dar nome a sua própria história” Bell Hooks
O audiovisual estabelece ao longo do século XX uma forma hegemônica de comunicação de massas que se desdobra, em nossa contemporaneidade, pelas redes sociais do mundo digital. Sem nos darmos conta possuímos um certo grau de alfabetização em relação à linguagem audiovisual, que no entanto foi desenvolvida através de décadas de experimentos e produção. Apropriar-se desta linguagem é, a um só tempo, um investimento em nossa autonomia produtiva e uma necessidade para nossa capacidade de análise de discursos em tempos de comunicações tão perigosas. Por outro lado o curso busca trabalhar com seus participantes a valorização das trajetórias pessoais e de suas famílias, buscando um entendimento de como a história dos lugares também são constituídas por nossa presença e participação.
Objetivos
Perceber o quanto nossas trajetórias familiares se relacionam com períodos históricos e
fenômenos sociais importantes, fazendo parte da memória da cidade e do país, e assim,
participando em diversos sentidos de nosso patrimônio material e imaterial. Sensibilizar o público para o entendimento do audiovisual como linguagem, com suas especificidades e potencialidades. Desenvolver roteiros de curtas-metragens ao longo dos encontros. Oferecer atividade gratuita de compartilhamento de conhecimentos e experiências, mediante inscrição e com certificação de conclusão.
Programa
Percepção da construção da identidade individual e social; Primórdios do cinema: a imagem como revelação do mundo; Representações construídas pelo outro e por si mesmo; O específico cinematográfico – montagem; O desenvolvimento da linguagem; Articulações, semiótica e síntese; Entendimento dos filmes como discursos; As especificidades do texto do roteiro; As etapas de elaboração: argumento, escaleta e roteiro; Restrições criativas para elaboração de sistemas narrativos; Elaboração de argumentos; Os diversos tratamentos em escaleta; A escrita do roteiro.
Metodologias de ensino-aprendizagem
Cada encontro será dividido em dois momentos de cerca de 1:30h cada.
Em uma primeira etapa do encontro será sempre dedicada à linguagem: primeiro refletiremos sobre a história do cinema, a formação invisível pela qual passamos para decodificá-lo como uma linguagem, suas articulações e potencialidades; depois esta etapa também servirá para entendermos como certas estruturas narrativas, a princípio entendidas como restrições, podem criar condições para a criatividade se desenvolver através de narrativas originais; este momento do encontro igualmente servirá para o entendimento de uma progressão comumente adotada no processo da escrita do roteiro, a divisão em argumento, escaleta e os diversos tratamentos do roteiro com suas especificidades. Na segunda etapa de cada encontro teremos uma conversa sobre as trajetórias dos participantes do curso. A partir do entendimento da importância da construção da identidade individual e social, manteremos um diálogo aberto sobre suas histórias de vida e a de seus familiares, procurando relacioná-las com momentos históricos, fluxos migratórios, contextos políticos, quebras ou continuidades culturais e outros aspectos que tornam nossa existência significativa dentro de uma percepção da história e do local onde vivemos. Este diálogo terá grande contribuição de todos os participantes, que trarão, através de suas formações específicas, entendimentos diversos sobre os
relatos. Ao longo do curso esta etapa do encontro passará a se voltar para o debate sobre os roteiros, que serão desenvolvidos a partir de três argumentos selecionados por todos os
participantes, mantendo a autoria do proponente mas com a colaboração coletiva dos demais participantes do curso.
Critérios de avaliação e aprovação
A assiduidade e contribuição nos debates e no desenvolvimento dos roteiros serão avaliados e servirão como critério para aprovação.
Bibliografia
BERNARDET, Jean-Claude. Brasil em tempo de cinema : ensaio sobre o cinema brasileiro de 1958 a 1966. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Brasiliense, 1985.
BONITZER, Pascal; CARRIÈRE, Jean-Calude. Prática do roteiro cinematografico. São Paulo: JSN, 1996.
CARRIÈRE, Jean-Claude. A linguagem secreta do cinema. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
CHION, Michel. O roteiro de cinema. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
HALBWACHS, Maurice: a memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.
POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, 1992.
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n.3, 1989.
XAVIER, Ismail. O discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
Curso de Difusão Um primeiro roteiro audiovisual: memórias de vida / histórias da família
Maio e junho de 2023, às quartas-feiras,
Datas: 3/5, 10/5, 17/5, 24/5, 31/5, 7/6
Horário: 18h às 21h Duração: 18 horas (6 encontros presenciais de 3 horas cada) 30 vagas
Público alvo: estudantes, moradores do bairro Bela Vista, funcionários da USP e pesquisadores, de 16 a 80 anos, com qualquer escolaridade.
Ministrante: Eduardo Kishimoto
Formado em Cinema e Vídeo pela ECA-USP (1999). Roteirizou, dirigiu e montou os telefilmes “Exilados” (média-metragem, ficção, 52 min., 4k, 2014, produtora Doc e Outras
Coisas, Edital de Telefilmes da TV Cultura e Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo), “Noites com Lua” (média documental, 54 min., Mini-dv/Betacam, 2004, TV USP), “A Separação” (média documental, 40 min., Betacam, 2001, TV USP); as séries para tv “Axogun” (série ficcional de 5 episódios de 26 minutos cada, 4k, 2016, produtora
Aurora Filmes, Edital Prodav 11/2014 do Fundo Setorial do Audiovisual) e “Sobre a Congada de Ilhabela” (7 documentários, 26 min. cada, DVCam, TV USP, 2004-2010); os curtas “Memórias Externas de uma Mulher Serrilhada” (curta, ficção, 15min., 35mm dolby
digital, Bola Oito Produções, Edital de curtas do Programa Fomento ao Cinema Paulista 2011), “O Cozinheiro Negro” (curta-criança, ficção, 15 min., HDCam, MINC/SAV/TVBrasil 2010), “As Verdades Temporárias” (curta de ficção, 15 min., 35mm dolby digital, 2010, Cinegrama Filmes), “A Psicose de Valter” (curta experimental, 15 min., 35mm dolby digital, 2007, Programa Petrobrás Cultural 2006). Dirigiu “Terminal Pirituba” (média documental, 26 min., HDV, Projeto História dos Bairros da Prefeitura Municipal de São Paulo 2006).
Como montador, participou, entre outros, de: “O Galante Rei da Boca” (média documental, de Luís Rocha e Alessandro Gamo, Mini-dv/Betacam, 2004, CPC-UMES), “Cemitério São Luiz” (curta documental, de Ana Paul, DVCam, 2004, Programa Petrobrás Digital), “GOD.O.TV” (curta ficcional, de Carlos Dowling, 16mm, 2002, Projeto Sal Grosso I), “O Catedrático do Samba” (curta documental, de Alessandro Gamo e Noel Carvalho, 16mm, 2001, UNICAMP/CPC-UMES), “Sem Saída” (curta ficcional, de Joana Mariz, 16mm, 1998, ECA-USP). Recebeu os prêmios de: melhor curta-metragem pelo Júri Oficial da Mostra Brasil da 12o Goiânia Mostra Curtas; melhor montagem da Mostra Competitiva Nacional pelo Júri Oficial do 19o Festival de Vitória – Vitória Cine Vídeo; melhor direção e melhor atriz principal (Georgina de Castro) no VIII Festival Latino-Americano de Cinema Curta Metragem de Canoa Quebrada; melhor trilha sonora (Michelle Agnes) pelo Júri Oficial do 6o Festival Cine Música de Conservatória, RJ (todos estes por “Memórias Externas de uma Mulher Serrilhada”); Melhor Curta Infantil no 3o FAMINAS por “O Cozinheiro Negro”; Melhor Curta no I IGUACINE, Melhor Montagem no Janela Internacional de Cinema (PE), 3o Lugar no Curta Votorantim, Menção Honrosa no 7o Santa Maria Cine e Vídeo (por “A Psicose de Valter”); Melhor Som Direto no 7o Festival de Cinema de Maringá (por “As
Verdades Temporárias”); Melhor Montagem no Festival de Cinema Universitário 2001 (por “O Catedrático do Samba”). Foi organizador e curador de três mostras de cinema em São Paulo: “Semana do Curta Brasileiro” (Anfiteatro da Fac. de História FFLCH-USP, 1996), “Fotógrafos do Cinema Brasileiro: Mário Carneiro” (Cinusp Paulo Emílio USP, 1999) e “História do Cinema Paulista” (Centro Cultural São Paulo, 1999). Ministrou quatro cursos de audiovisual: “Produção de documentário em Vídeo Digital” e “Produção em vídeo digital II” (ambos pelo Projeto Cinema e Vídeo Brasileiro nas Escolas, de 2003-2004, Ação Educativa), “Edição pelo Software Final Cut Pro” (LEI/FFLCH USP – Laboratório de
Estudos sobre a Intolerância, em 2007) e “Oficina de formatação de projetos” (Diversitas/FFLCH USP – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos, 2016). Foi coordenador técnico responsável pela pesquisa e determinação dos equipamentos de câmera, som e edição adquiridos para o curso recém-criado de Cinema na UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia”, 2008, e para o Laboratório de Estudos sobre a Intolerância (LEI-USP), 2006. Trabalhou na TV USP, produzindo e dirigindo documentários e o programa televisivo mensal “Traquitana”, que exibia curtas e médias (de 2004 a 2014) e designado como Diretor Técnico do Serviço de Produção de Vídeos e Documentários (2001 a 2008).
Serviço
Local de realização: Casa de Dona Yayá
Rua Major Diogo, 353 – Bela Vista, São Paulo – SP cep 01324-001
Número de vagas: 30
Inscrições gratuitas: https://uspdigital.usp.br/apolo/apoObterCurso?cod_curso=10400355&cod_edicao=23001&numseqofeedi=1
Critérios de seleção: análise de carta de intenção
Prazo para inscrição: de 20 de março a 9 de abril de 2023
Divulgação dos selecionados: 20 de abril de 2023