Patrimoniar #17. Poroiwak: Memória e patrimônio cultural da amarelitude

Patrimoniar #17. Poroiwak: Memória e patrimônio cultural da amarelitude

Em várias cidades do mundo ocidental verifica-se desde meados do século 20 a instalação de bairros cenográficos alusivos a determinadas culturas asiáticas (especialmente as nipônicas, chinesas, coreanas, entre outras). Conhecidos como “Chinatowns”, tais bairros materializam na paisagem urbana um conjunto problemático de signos oriundos de contextos distintos, colaborando para a consolidação de estereótipos das populações consideradas “amarelas” por parte das culturas ocidentais. Trata-se de uma forma particularmente perversa de racismo, na medida em que tais paisagens estereotipadas contribuem com formas fetichização e diminuição do outro ao mesmo tempo em que parecem, paradoxalmente, valorizar sua presença. A cidade de São Paulo tem no bairro da Liberdade um desses casos: a construção de um bairro turístico repleto de signos alusivos à presença nipônica no bairro (como pórticos e luminárias estilizadas) está associada não só a esta forma de racismo urbano como colabora também com o apagamento da memória e do patrimônio cultural de outros grupos sociais igualmente invisibilizados no espaço urbano, como as populações negras e indígenas que também ocuparam aquele território.

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Patrimoniar #10. Abílio Ferreira: a Capela dos Aflitos, a Liberdade e a memória negra em São Paulo

Patrimoniar #09. Abílio Ferreira: a Capela dos Aflitos, a Liberdade e a memória negra em São Paulo

Em cidades como São Paulo são muitos os casos de espaços que passaram por transformações expressivas ao longo do processo de desenvolvimento urbano. Antigas praças e largos desaparecem, edifícios são demolidos e substituídos por outros e marcos da paisagem se transformam em referências perdidas na memória quem ali viveu. Muitos desses casos de demolição e reconstrução de espaços e lugares estão associados a processos de apagamento e silenciamento das referências culturais e urbanas de grupos sociais minoritários ou tidos como indesejáveis. Apesar destes apagamentos, certos sinais permanecem silenciosos no tecido urbano.

Nesta edição do Patrimoniar conversamos com Abílio Ferreira — jornalista, escritor, pesquisador e ativista do movimento negro — a respeito desses processos de silenciamento, dos sinais que permanecem e de como é possível lidar com o espaço urbano na perspectiva de um jogo em busca destes sinais — um jogo que articula resistência e apropriação da cidade. Conversamos especialmente sobre acontecimentos recentes ligados à memória e ao patrimônio cultural no bairro da Liberdade e sobre o caso da Capela dos Aflitos, localizada nesta região.

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